A teoria do apego é um conceito em psicologia que abrange o desenvolvimento e diz respeito, principalmente ao “apego” ou vínculo em relação ao desenvolvimento pessoal. Segundo a Teoria do Apego, nossa capacidade em formar e construir o apego emocional e físico a uma outra pessoa nos dá a sensação de estabilidade e segurança para crescermos, nos desenvolvermos enquanto seres humanos e assumirmos riscos de forma mais segura.
Naturalmente, a teoria do apego é uma idéia ampla com muitas expressões e entendimentos, e a melhor forma de compreendê-la pode ser obtida estudando todas as suas abordagens sobre o tema. Este artigo irá tratar da abordagem do psicólogo John Bowlby.
Teoria do apego segundo John Bowlby
O psicólogo John Bowlby foi o primeiro a cunhar o termo. Seu trabalho no final dos anos 60 estabeleceu o precedente de que o desenvolvimento da infância dependia muito da capacidade da criança de formar um relacionamento forte com “pelo menos um cuidador principal”. De um modo geral, este é um dos pais. Os estudos de Bowlby sobre desenvolvimento infantil e “temperamento” levaram-no à conclusão de que um forte apego a um cuidador fornece uma sensação necessária de segurança e fundamento.
Sem essa relação, Bowlby descobriu que uma grande quantidade de energia de desenvolvimento é gasta na busca por estabilidade e segurança. Em geral, aqueles sem esses apegos são medrosos e estão menos dispostos a buscar e aprender com novas experiências.
Por outro lado, uma criança com um forte apego a um cuidador (podendo ser a mãe ou qualquer um que substitua este papel) sabe que tem “apoio”, por assim dizer, e assim tende a ser mais aventureiro e ansioso para ter novas experiências (que são naturalmente vitais para o aprendizado e o desenvolvimento).
O bebê que está fortemente ligado a um cuidador tem várias de suas necessidades mais imediatas atendidas e contabilizadas. Consequentemente, eles são capazes de gastar muito mais tempo observando e interagindo com seus ambientes. Assim, seu desenvolvimento é facilitado.
E segundo o mesmo autor, a teoria do apego possui 4 fases de desenvolvimento:
- Orientação e sinais com discriminação limitada de figura
- Orientação e sinais dirigidos para uma figura discriminada (ou mais de uma)
- Manutenção da proximidade com uma figura discriminada por meio de locomoção ou de sinais
- Formação de uma parceria corrigida para a meta
Fase 1: Orientação e sinais com discriminação limitada de figura
Nesta primeira fase o bebê se comporta de modo característico em relação as pessoas, mas ele consegue discriminar uma pessoa de outra de acordo com seus estímulos olfativos e auditivos. Esta fase dura do nascimento até cerca de 8 a 12 semanas.
O bebê acompanha as pessoas com o olhar, estende os braços, se agarra, sorri e balbucia. Deixa de chorar ao ouvir uma voz ou ver um rosto. O comportamento do bebê, na medida que influencia o comportamento de quem lhe faz companhia, pode aumentar o tempo em que o bebê se mantêm próximo a esta pessoa.
Fase 2: Orientação e sinais dirigidos para uma figura discriminada
Nesta fase, o bebê continua se comportando em relação as pessoas como na fase 1, porém, de maneira mais acentuada em relação a sua mãe ou aquele/aquela que a substitui nos cuidados. Esta fase dura até cerca de 6 meses ou mais, dependendo das circunstâncias.
Fase 3: Manutenção da proximidade com uma figura discriminada por meio de locomoção ou de sinais
Nesta fase, o repertório de respostas do bebê aumenta e ele começa a seguir a mãe quando esta se afasta, de recebê-la com alegria e entusiasmo quando ela regressa e a evidência o papel da mãe como base para suas experimentações. Ao mesmo tempo, a respostas que eram dadas a outras pessoas durante a fase 1 e 2 tendem a diminuir, tendo o bebê escolhido apenas algumas pessoas como figuras subsidiárias de apego.
Isto significa que os estranhos são tratados com cautela e mais tarde, provocarão no bebê retraimento e/ou choro. Esta fase dura dos 6 meses até cerca do primeiro ano do bebê, continuando durante o segundo e terceiro anos de idade.
Fase 4: Formação de uma parceria corrigida para a meta
É nesta fase que a figura materna passa a ser vista como alguém independente, que persiste no tempo e espaço, e que se movimenta de um modo mais ou menos previsível. Ainda que não dê para supor que a criança compreende os movimentos de sua mãe. Deste ponto em diante, a visão que a criança tem do mundo se torna mais refinada e seu comportamento mais flexível.
De modo geral, a criança passa a ter um discernimento intuitivo dos sentimentos e motivos de sua mãe. Uma vez nesta estágio e alcançadas estes desenvolvimentos cognitivos, estão lançadas as bases para a dupla desenvolver um relacionamento mútuo mais complexo, chamado de parceria.
Obviamente que, não há uma regra específica de tempo e padrão. Uma criança pode não ter apego nenhum na fase 1, mas certamente o terá na fase 3. O tempo de desenvolvimento e crescimento de cada característica cognitiva não pode ser mensurado de forma fixa e padronizada para todos. Tudo depende do meio, do ambiente e das conexões estabelecidas e com quem neste processo.
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Referências:
BOWLBY, John. Volume 1. Apego: Apego e Perda. 2º Edição. São Paulo: Livraria Martins Fontes, outubro de 1990.