O sangue no leite materno é um problema comum de amamentação. Ainda que ver sangue no leite materno possa causar um susto na maioria das mães, principalmente se for em uma quantidade que realmente altere a cor do leite, ele não causa problema nenhum no bebê se ele continuar mamando.
As vezes o sangue no leite materno é percebido quando vem em uma grande quantidade, quando o bebê cospe um pouco do leite com sangue ou quando a mãe esta ordenhando a mama. E, embora possa ser assustador quando você se deparar com isso, provavelmente não será necessário se preocupar. O sangue no leite materno geralmente não é um problema médico grave.
O sangue pode mudar a cor do seu leite materno para tons de rosa, vermelho, laranja ou marrom. Certos corantes para alimentos também podem matizar a cor do seu leite. Então, antes de pensar ser sangue, tente se lembrar se você recentemente comeu ou bebeu algo vermelho como beterraba ou bebidas de frutas vermelhas. De qualquer forma, tente não se preocupar. Seu leite provavelmente retornará à sua tonalidade esbranquiçada, amarelada ou azulada dentro de alguns dias.
O que causa sangue no leite materno?
O sangue no leite materno geralmente não é um problema sério e pode vir de alguns lugares diferentes. Abaixo você poderá ver uma lista de situações que podem fazer com que sua mama sangre e este sangue se misture com seu leite materno.
Mamas feridas ou fissuradas:
A causa mais comum de áreas vermelhas ou rosadas no leite materno são os mamilos fissurados ou com alguma ferida maior. Bolhas de sangue causadas por uma pega ineficaz que estouram, eczema, cortes e fissuras na aréola e mamilo podem causar sangramento.
Se seus mamilos estão sangrando, seu bebê vai mamar um pouco desse sangue e você pode notar que o sangue aparece no leite materno enquanto você ordenha. Não é preciso se preocupar se o bebê ingerir o sangue do leite materno, assim que as feridas em sua mama cicatrizarem, o sangue irá desaparecer e seu leite voltará a ficar na cor padrão de sempre.
“Síndrome do tubo enferrujado” em tradução literal ou “Rusty Pipe Syndrome”:
Durante a primeira semana ou mais depois de ter seu bebê, há mais sangue fluindo para as mamas, já que seu corpo rapidamente começa a produzir o leite materno. O sangue pode então, infiltrar-se nos ductos de leite fazendo com quê tanto o colostro quanto o leite se pareçam mais marrons, laranjas ou com uma cor próxima ao ferrugem.
Esta tudo bem! Ao longo do tempo em quê o bebê mama, os ductos vão se limpando e a cor do leite fica predominantemente amarelada e mais próximo de tons pastéis claros brancos e azulados. A síndrome do tubo enferrujado é vista mais frequentemente em mães de primeira viagem. Não é perigoso ou doloroso, e geralmente desaparece sozinha em alguns dias.
Capilares rompidos:
Existem pequenos vasos sangüíneos em suas mamas, conhecidos como capilares. Esses capilares podem ficar danificados ao não usar uma bomba de ordenha corretamente ou ao sinal de qualquer outro tipo de trauma nas mamas, como uma batida forte.
É como quando você rompe um pequeno vasinho sanguíneo do nariz e ele sangra. Basicamente, pode acontecer o mesmo na área das mamas quando estes capilares se rompem, assim o sangue pode invadir os ductos e sair pela mama quando o bebê mama ou você ordenha o leite.
Geralmente dura pouco tempo este tipo de sangramento e pode ser que muitas mães sequer notem quando isto acontece. O sangue vermelho brilhante indica que a fonte é provavelmente próxima dos seus mamilos.
Mastite:
A mastite é uma infecção da mama que pode produzir leite materno com sangue na mama infectada. Outros sintomas como vermelhidão, inchaço, dor e febre geralmente estão presentes com mastite. Escrevi um artigo que fala somente sobre este problema aqui: Mastite: O Que É, Como Tratar e Dicas Para Evitar
Papiloma Intraductal Benigno:
Os papilomas de Intraductais são um grupo de tumores benignos da mama no epitélio dos canais lactíferos. Ele não é cancerígeno. Pode crescer dentro de um ducto de leite ou romper um ducto de leite causando uma descarga de sangue pelo mamilo. A incidência é bem pequena e poucas mulheres podem apresentar este tipo de problema. O tratamento consiste em acompanhamento médico da situação clínica.
Câncer de mama:
Sempre que há sangramento na mama através dos mamilos, o maior medo feminino esta relacionado ao câncer de mama. Saiba que uma pequena quantidade de sangramento na mama não é motivo para preocupação, principalmente quando se esta amamentando.
No entanto, se o sangramento persistir é importante procurar ajuda médica e fazer exames para descartar todas as hipóteses como medida de segurança, inclusive de câncer de mama, ok? Algumas formas de câncer de mama, como carcinoma ductal e doença de Paget podem causar hemorragias no mamilo.
Você pode amamentar mesmo com sangue em seu leite?
Sim, é considerado seguro continuar a amamentar e até mesmo oferecer para o bebê o leito ordenhando que saiu com algumas raias de sangue no meio. Uma pequena quantidade de sangue no leite materno não é prejudicial e isso não afetará seu bebê ou seu leite. Enquanto seu bebê estiver mamando bem, você pode continuar a amamentar.
O problema deve desaparecer sozinho dentro de alguns dias. Se não resolver após uma semana, é preciso procurar ajuda médica. Se você tem uma infecção que pode ser transmitida através do seu sangue, você deve falar com seu médico. Para infecções que se espalham através do sangue e fluidos corporais, a exposição ao sangue através do leite materno pode aumentar o risco do bebê de contrair a infecção.
Sangue no leite materno afeta os bebês?
Pequenas quantidades de sangue no leite não afetam em nada a amamentação e as vezes o bebê sequer percebe. Uma grande quantidade de sangue no leite materno pode mudar o sabor do leite, o que fará com que o bebê rejeite a mama até que o sangramento passe.
Muito sangue misturado ao leite materno também pode causar ânsia de vômito no bebê e o ideal é tentar resolver o motivo do sangramento o mais rápido possível para que o bebê consiga voltar a mamar bem. Se houver sangue nas fraldas do seu bebê junto com as fezes, investigue. Isso não significa que ele esteja mamando leite com sangue, pode ser sinal na verdade de algum sintoma de uma reação alérgica no bebê como a APLV e é preciso falar com o pediatra.
O que fazer sobre o sangue em seu leite?
Se houver uma grande quantidade de sangue em sua mama que não esta relacionada a nenhuma fissura de mama ou os itens mencionados acima, é preciso também procurar um médico vascular para te examinar com melhor, para descartar qualquer problema vascular que esteja causando um sangramento contínuo.
Você não precisa parar de amamentar ou descartar o leite ordenhado. É bom continuar dando ao seu filho seu leite materno, ainda que houver um pouco de sangue nele.
Se você perceber que o sangramento é de um mamilo rachado ou danificado, cuide do problema. Certifique-se de que seu filho está fazendo a pega corretamente. Se a amamentação é muito dolorosa e você precisa parar de amamentar por um tempo para dar tempo para seu mamilo se curar, você pode ordenhar sua mama para oferecer o leite ordenhado ao bebê bem como para manter sua produção de leite materno.
Lembre-se de ter uma bomba de ordenha adequada para o tamanho da sua mama, usá-la com gentileza, mantendo a sucção e a velocidade em níveis confortáveis para evitar ferimentos que causem sangramentos e dor.
Se a causa do sangramento não for óbvia e você não sabe de onde vem, converse com um médico e observe para ver quanto tempo dura. Se não desaparecer em alguns dias, entre em contato com um médico novamente para fazer exames.
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Referências:
- Academy of Breastfeeding Medicine Protocol Committee. ABM clinical protocol# 20: Engorgement. 2009.
Dolan RT, Butler JS, Kell MR, Gorey TF, Stokes MA. Nipple discharge and the efficacy of duct cytology in evaluating breast cancer risk. The Surgeon. 2010 Oct 31;8(5):252-8. - Lawrence, Ruth A., MD, Lawrence, Robert M., MD. Breastfeeding A Guide For The Medical Profession Eighth Edition. Elsevier Health Sciences. 2015.
- Yu JH, Kim MJ, Cho H, Liu HJ, Han SJ, Ahn TG. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstetrics & gynecology science. 2013 May 1;56(3):143-59.
