Como o Corpo Produz Leite Materno: Entenda as Fases

A mama produz, protege e transporta o leite materno até a boca do bebê.7 min


Você já parou para pensar em como o corpo produz leite materno?

O leite materno simplesmente não surge do nada em nossas mamas, há um processo complexo e muito bonito sobre como o corpo produz leite materno para que este alimento incrível chegue até a boca do bebê repleto de tudo o que é necessário para seu desenvolvimento.

Não há nenhum outro alimento equivalente ao leite materno, nenhuma indústria foi capaz de reproduzi-lo e somente uma mãe pode produzir este alimento tão especial para seu bebê.

Veja agora como o corpo produz leite materno e qual é o processo desta produção:

As mamas maternas protegem, produzem e transportam o leite materno. São fábrica, embalagem e distribuidora ecologicamente correta. Cada parte de sua mama, trabalha em conjunto para quê o alimento padrão ouro para o bebê seja produzido de forma plena e entregue com a melhor qualidade.

Quando um bebê faz a pega correta na mama, a sua estrutura oral com a língua fazem movimentos perfeitos e muito complexos para extrair o leite das mamas de sua mãe. Tanto quanto nenhuma bomba de extração de leite consegue imitar esta ordenha feita pelo bebê, nenhuma fábrica ou indústria, por maior que seja, consegue produzir um leite tão perfeito para o bebê como o corpo materno.

A mama é constituída de tecido adiposo, conjuntivo, ligamentos, tecidos glandulares, dutos e alvéolos que produzem, protegem e transportam o leite materno.

Células musculares lisas chamadas de células mioepiteliais circundam as glândulas alveolares e os ductos lácteos. Quando se contraem, espremem o leite para fora das glândulas produtoras de leite e através dos dutos.

Os nervos que compõem a mama materna são responsáveis por se comunicar com o cérebro da mãe. Enviam sinais para estimular a liberação de hormônios como a prolactina e ocitocina, que serão responsáveis pela produção e ejeção do leite materno.

Como o leite materno é feito

O corpo feminino é uma máquina perfeita. Além de ser capaz de produzir um ser humano, também possui plenas condições de produzir o alimento para os primeiros meses do bebê, bem como complementar a alimentação do pequeno por alguns anos.

Este alimento padrão ouro, produzido pelas mamas, fornece toda a nutrição de quê um bebê precisa nos primeiros seis meses para crescer e se desenvolver de forma saudável, bem como fornece sua alimentação como fonte principal no primeiro ano e fonte de alimentação complementar a partir do segundo ano de vida da criança.

Como tudo acontece

As mamas maternas terminam o seu desenvolvimento total com o evento da gestação, amamentando ou não, é neste momento que o desenvolvimento das mamas chega ao seu ciclo final e elas podem ser vistas como totalmente desenvolvidas. As mamas se preparam para lactação durante a gestação.

Produzindo estrogênio e progesterona durante a gravidez, os dutos de leite e o tecido das mamas crescem e aumentam de número. O fluxo sanguíneo aumenta e as veias podem se tornar mais visíveis.

Os mamilos e a aréola tornam-se mais escuros e maiores. As glândulas de Montgomery ficam maiores e parecem pequenas protuberâncias na aréola.

Já durante a gestação, o corpo materno pode começar a produzir o colostro e você poderá notar pequenas gotas amarelas ao redor de seus bicos que se cristalizam e endurecem, em alguns casos, molham os lençóis durante a noite deixando manchas amareladas. Esta fase pode ou não ser percebida pela mãe, no entanto, caso você não veja sinais de colostro durante a gestação, isto não significa uma falha no processo de produção, é normal.

A fase inicial de produção de colostro, chama-se lactogênese I e dura da gestação (ou não) até uns 3 dias após o parto. Se não houve sinal de colostro durante a gestação, e a lactogênese I só iniciou seu processo após o nascimento do bebê, ela tende a durar mais do que 3 dias após o parto.

Quando o bebê nasce

Após o nascimento do bebê, os níveis de estrogênio e progesterona caem, fazendo com quê a prolactina (que produz o leite) e a ocitocina (que ejeta o leite) aumentem. O primeiro leite que o seu bebê irá receber é o colostro, que é rico em vitaminas e anticorpos, servindo como uma primeira vacina para a estreia no mundo.

A prolactina faz com que os alvéolos peguem nutrientes (proteínas, açúcares) do seu suprimento de sangue e os transformem em leite materno. A ocitocina faz com que as células ao redor dos alvéolos se contraiam e ejetem seu leite pelos dutos de leite. 

Quando ocorre a apojadura do leite, conhecida como “descida do leite” ou “ejeção do leite’, a mãe entra na fase de lactogênese II, ela ocorre após a fase do colostro.

No entanto, é importante salientar que a produção de leite materno se mantêm de acordo com a oferta e demanda, ou seja, conforme o bebê suga a mama, envia sinais para que o corpo continue com a produção de leite. Se o bebê não envia sinais suficientes para o corpo materno, a produção tende a diminuir e com o tempo cessar. Então, o processo de como o corpo produz leite materno é afetado.

Evitar o uso de chupetas, mamadeiras e bicos intermediários ajuda a manter a produção de leite materno. Assim, o bebê envia sinais adequados e na quantidade correta para o corpo materno em vez de enviar a mensagem para o endereço errado (os bicos).

Este processo de comunicação entre a boca do bebê e mama da mãe, sempre que o bebê solicita e sempre que a mãe acha que deve oferecer a mama, chama-se livre demanda e ela é essencial para a manutenção da produção de leite.

Desta forma, a sucção do bebê na mama da mãe, estimula os nervos presentes nas mamas, que consequentemente enviam sinais para a glândula pituitária, no cérebro materno. A glândula pituitária, libera os hormônios ocitocina e prolactina. Estes hormônios passeiam pelo corpo materno e enviam o sinal de produção e ejeção de leite para as glândulas das mamas.

Os alvéolos, começam a se contrair e empurrar o leite para os dutos de leite das mamas, chegando em seu destino final: a boca do bebê.

Nossa máquina de produção de leite materno, chega ao seu auge em produção total e aleitamento já estabelecido por volta do décimo dia pós parto e dura até o final da amamentação, ou seja, por quanto tempo você amamentar. Esta fase se chama lactogênese III.

O tamanho do peito afeta a produção de leite?

A quantidade de tecido adiposo no seio determina o tamanho do seio, não a quantidade de tecido glandular. Mulheres com mamas maiores têm mais tecido adiposo do que mulheres com mamas menores, mas isso não significa que elas tenham uma quantidade maior de tecido produtor de leite.

Quase todas as mulheres têm tecido produtor de leite suficiente para estabelecer e manter um suprimento saudável de leite materno para seus filhos. Então, o tamanho dos seus seios não importa realmente. Saber como o corpo produz leite materno te ajudar a entender como seu corpo funciona.

Como o corpo responde à sucção do bebê:

A amamentação estimula as terminações nervosas no mamilo e na aréola, que sinalizam a glândula pituitária no cérebro para liberar dois hormônios: prolactina e ocitocina.

Como o peito responde a sucção do bebê:

A prolactina faz com que seus alvéolos tomem nutrientes (proteínas, vitaminas, minerais, açucares, etc) do seu suprimento de sangue e os transformam em leite materno.
A ocitocina faz com que as células ao redor dos alvéolos se contraiam e levem seu leite aos ductos de leite da mama. Esta passagem do leite nos ductos é chamada de reflexo de “ejeção” (saída ou descida do leite).

A descida do leite é experimentada de várias maneiras, incluindo:

  • O bebê começa engolir ativamente o leite e você pode ouvir ele deglutindo.
  • O leite pode vazar no peito oposto.
  • Você pode sentir um formigamento em seus seios ou cólicas uterinas.
  • Você pode sentir sede.

Como o cérebro desempenha um papel muito importante na liberação de hormônios que fazem com que o leite seja ejetado, é muito normal que as sensações também ocorram em outras situações ou simplesmente você nem as note.

Se a descida do leite ocorrer em um momento inoportuno (como quando você esta fora de casa), cruze os braços sobre o peito ou pressione o calcanhar da mão sobre a área do mamilo e aplique uma pequena pressão até o vazamento parar.

Ejeção do leite no pós-parto

A liberação do hormônio da ocitocina durante a amamentação também fará com que o útero se contraía. Isso pode ser percebido mais facilmente se você já teve outros filhos. Este mecanismo ajuda o seu útero a retornar ao seu tamanho pré-gravidez rapidamente.

Uma variedade de fatores podem interferir a ejeção do leite (não sua produção):

  • Emoções como vergonha, raiva, irritação, medo ou ressentimento
  • Cansaço extremo (mais do que a mudança de rotina inicial com a chegada do bebê)
  • Pega inadequada na amamentação ou um posicionamento incorreto
  • O bebê está bem amamentado e não esta com fome (simples assim)
  • Estresse
  • Palpites negativos de parentes ou amigos
  • Dor em seus seios ou útero (ou seja, dores causadas pelo trabalho de parto ou cesárea)
  • Ingurgitamento mamário nos primeiros dias

Sugestões para criar um ambiente de amamentação saudável, eficiente e com apoio:

Encontre uma atmosfera pacífica para a amamentação. Antes de começar, desconecte o telefone, ligue uma música relaxante e respire profundamente. (Faça quatro ou cinco respirações abdominais profundas).
Se a amamentação em público te deixa desconfortável, busque sua privacidade sem problema algum.
Interaja com amigos e profissionais que apoiam a amamentação. Não permita que amigos e parentes por mais bem-intencionados, tenham atitudes diferentes que te desencorajem.
Restrinja os visitantes até ficar confortável.
Esteja em torno de outras mães que amamentam. Participe de uma aula de exercícios pós-parto ou grupo de apoio.
Certifique-se de que seu bebê esteja posicionado, esteja fazendo a pega corretamente e amamente em livre demanda.

Para que a produção de leite materno seja bem sucedida:

Evite o uso de bicos artificiais como chupetas, mamadeiras, bicos intermediários de silicone e não determine horários para as mamadas do bebê. O processo acontece de forma plena justamente quando estes fatores não fazem parte de sua história de amamentação e assim, evitamos ciclos de problemas na amamentação que interferem diretamente na produção de leite materno.

Leia também:

Referências:

Academy of Breastfeeding Medicine Protocol Committee. ABM clinical protocol# 9: use of galactogogues in initiating or augmenting the rate of maternal milk secretion (First revision January 2011). Breastfeeding Medicine. 2011 February 1;6(1):41-9.
Hassiotou F, Geddes D. Anatomy of the human mammary gland: Current status of knowledge. Clinical Anatomy. 2013 January 1;26(1):29-48.
Huang W, Molitch ME. Evaluation and management of galactorrhea. American Family Physician. 2012 June 1;85(11).
Newman J, Pitman T. Dr. Jack Newman’s Guide to Breastfeeding. Collins; 2014.
Wambach K, Riordan J, editors. Breastfeeding and human lactation. Jones & Bartlett Publishers; 2014 August 15.


Suelen Maistro
Mãe do Fe. Criadora dos portais Mãe Pop e Sue Maistro. Artista Visual, Diretora de Arte e Tattoo Artist. Pesquisa e estuda temas relacionados a amamentação, educação, criação, psicologia, ciência, arte e design. Mas não se engane, as vezes jogo conversa fora em artigos despretensiosos, pouco importantes e irônicos. Bem vinda a minha casa virtual