Crescemos achando que nossos pais não nos deram o suficiente em termos de apoio emocional.
Achando que eles poderiam ter feito mais para suprir nossa necessidade de afeto, atenção, conforto e segurança, enfim, a maioria das nossas necessidades emocionais.
Desejamos emoções plenas, supridas ao máximo e sem surpresas. Queremos a segurança da rotina emocional, nada fora de um script escrito por algum sonhador sobre plenitude na vida. E nos frustramos porque nossas expectativas são sempre altas quando se trata de suprir aquilo ao qual sentimos uma falta visceral.
A verdade é que nos tornamos pais e mães, nos quebramos em pedaços para romper ciclos que nos fizeram mal, tentamos cobrir todas as frestas de emoções que vazam nas laterais dos corações de nossos filhos para nos darmos conta, enfim, que, ainda assim, não parece ser suficiente.
Porque como seres humanos de emoções intensas e únicas, queremos algo que nem sempre virá apenas do pai, da mãe, mas de nós mesmos e de nossa experiência existencial com a vida que nos foi dada. E nada é igual para ninguém.
As frestas que tentamos cobrir são as que imaginamos dentro do nosso ser, buscadas em nossa criança ferida, como as que precisam ser fechadas. E nem sempre são apenas elas (ou elas), as feridas dos nossos filhos.
Nos voltamos para nós mesmos e nos perguntamos o quanto de apoio emocional podemos dar para que nossos filhos tenham uma vida de emoções plenas, porque sim, se soubermos, nós daremos.
A nossa questão como filhos não se trata, então, do quanto nossos pais e mães nos deram, mas se eles dariam aquilo que não sabiam dar e que a gente precisava, se pudessem.
Muitos não terão esta resposta porque a verdade é que jamais ousarão perguntar. Porque temos tanto medo de nos darmos conta que eles não fariam por nós o que nós faríamos por nossos filhos que é melhor continuar assim: enfrentando esse turbilhão de emoções que vem de brinde com a dádiva da vida.
E ser grato pela vida, caras leitoras, me parece algo suficientemente bom… e esta, foram nossos pais que nos deram.
A nossa questão como pais e mães é se estamos dando o suficiente de suporte emocional para nossos filhos a ponto deles nunca precisarem se fazer este tipo de pergunta no futuro e nem sentirem nenhum tipo de vazio existencial. Isso, jamais saberemos.
Teremos que nos contentar em fazer o nosso melhor, assim como os pais e mães suficientemente bons o passado, fizeram.
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