Em nossa sociedade, mães que fazem amamentação prolongada são criticadas pelas pessoas. Inclusive por outras mulheres e mães. A primeira coisa que mães que estão na amamentação prolongada devem ter em mente é que elas não devem satisfação sobre sua amamentação para ninguém.
A amamentação é uma relação entre mãe e filho. Somente os dois podem decidir como será a continuidade ou não da amamentação para ambos. É importante que a mãe saiba que apesar de ser uma minoria em amamentação prolongada, ela conseguiu superar todas as estatísticas e seguir amamentando.
Amamentar não é fácil, todas que amamentam ou amamentaram sabem disto. Mais difícil ainda para a mãe que amamenta a mais de 2 anos e não tem apoio nem da própria família. Geralmente a jornada é solitária e as vezes dolorida quando a mãe ouve comentários desagradáveis de pessoas que nada tem a ver com sua amamentação.
O desmame é um ponto no tempo, porém o dia em que o bebê ou a criança mama pela última vez é incerto para as que esperam o desmame natural. Pode ser que aconteça após os 2 anos e pode ser que dure por mais um ano e em alguns casos, por mais alguns anos.
Desmame natural significa esperar que a criança indique que esta preparada para romper este laço tão forte criado com a sua mãe após o nascimento. Veja o que escrevi sobre isso aqui >> Sinais de desmame natural: 10 coisas para saber se seu filho esta pronto
A maternidade envolve vários momentos de rupturas e novas construções de vínculo. A primeira ruptura acontece pela primeira vez no nascimento. O bebê que passou 9 meses abrigado ao corpo de sua mãe é colocado em um mundo para recomeçar de outra forma. Neste momento, a amamentação consola e aquece o pequeno coração assustado.
Assim constrói-se um novo vínculo através da alimentação, colo, segurança e aconchego proporcionado pela amamentação. Quando o bebê chega ao sexto mês, uma nova mudança é inserida em sua vida. Ele percebe que não só do peito de sua mãe vai se alimentar, mais também de outros alimentos. Ainda assim, a amamentação continua sendo sua principal fonte até 1 ano de idade.
O tempo passa na vida deste bebê. Várias fases de novas descobertas e aprendizados trazem a vida do bebê, momentos de rupturas e construções novas. São como passagens, ainda assim, lado a lado com a sua mãe. Unidos pelo vínculo da amamentação.
Entre tantas mudanças, o desmame total é o momento onde uma ruptura acontece no vínculo de amamentação formado. No entanto, nada poderá substituir a amamentação com o mesmo peso e importância.
Afinal, o que substituiria este vínculo? A alimentação? É pouco.
Durante o desmame natural, a substituição acontece quando um conjunto de novos acontecimentos surgem de tal forma que o bebê perceba que pode continuar sua caminhada, sem sentir que algo lhe foi tirado ou lhe falta. É um momento de plenitude e maturidade alcançada que não permite que haja sofrimento. O que sobra desta jornada entre ambos é a gratidão.
– Até breve, tête. Eu te amei, você me amou. Agora estou pronto para seguir sem você.
E assim a criança se despede. Sem dor, sem mágoa. É leve, é pleno e gratificante.
Mães que amamentam prolongadamente esperam por este momento de forma paciente e respeitosa. Na maioria dos mamíferos, a amamentação tem um período de tempo específico. Porém, entre os seres humanos, esta duração pode ser influenciada por uma série de outros fatores culturais, sociais e de época.
Segundo o Dr. Carlos Gonzalez, não se sabe com certeza qual é a idade biologicamente “normal” para que se aconteça um desmame. Os dados procedentes de diferentes culturas, da comparação com outros primatas e de mães de hoje em dia que esperam pelo desmame natural, mostram que a amamentação tem uma duração entre os 2 anos e meio e os 7 anos.
É de suma importância ressaltar que amamentação prolongada não causa nenhuma doença psicológica nem física a criança ou a mãe. E por isso, não se justifica recomendar e muito menos impor, que uma mãe determine um prazo de duração para tal. Já um desmame brusco e antes do tempo é traumático e deve ser evitado sempre que possível.
O principal fator que incomoda mães que amamentam de forma prolongada não esta dentro de sua relação de amamentação e sim fora dela. Diz respeito a terceiros que insistem em criticar sua atitude. É raro ver uma criança que mame por mais de 8 anos e, se fosse o caso, nenhuma pessoa deveria se sentir no direito de se envolver em uma relação que não lhe diz respeito.
É preciso que algumas pessoas aprendam a guardar a opinião para si mesmas e aplicar seus “achômetros” somente em suas próprias vidas. E, nem de longe, pensar que pode determinar a outro, principalmente a mãe que amamenta, prazos que seriam seus e não dela.
E para desespero geral da nação que não se conforma com a amamentação alheia, segundo Cabeza de Vaca (1983) existiu uma tribo no sul do que hoje são os Estados Unidos, onde era normal mamar até os 12 anos.
Todas as crianças largam o peito cedo ou tarde. Isto é certo. Não é preciso fazer nada para que elas larguem, apenas esperar pelo seu tempo e respeitá-lo enquanto estiver sendo bom para ambos.
Amamentação prolongada é também um relacionamento que estabelece um vínculo entre mãe e filho. Como toda relação, além de ser interesse apenas dos dois envolvidos, tem o seu tempo de duração. É importante lembrar que a Organização Mundial de Saúde não determina um prazo para o fim da amamentação, ao contrário disto, ela ressalta a importância de se amamentar por 2 anos ou MAIS.
Além disto, leite materno em sua composição jamais se tornará diferente com o tempo. O corpo continua produzindo o leite materno com todos os seus benefícios e aspectos nutricionais íntegros, independente do tempo de amamentação.
Dados da Unicef mostram que, no segundo ano de vida, 500 ml de leite materno fornece: 95% das necessidades de vitamina C, 45% das necessidades de vitamina A, 38% das necessidades de proteína e 31% do total de energia que uma criança precisa diariamente.
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