Cantar para o bebê melhora o bem estar e protege até mesmo contra a depressão pós-parto. A voz materna tem poder.
Os benefícios de cantar para o bebê se estendem para mães também. No bebê, causa uma sensação de consolo e vínculo direto com as mães.
Já para a mãe, o ato dela cantar para o bebê, pode melhorar e ou proteger contra a depressão pós-parto, trazendo uma sensação de bem estar.
Que mãe não canta para seu bebê? A maioria entoa canções de ninar aprendidas ao longo dos anos desde sua infância e outras, quando esquecem a letra, entoam um som característico de conforto, entoando a melodia da canção de ninar.
As canções de ninar, bem como outras canções que confortam, entoadas por mães do mundo inteiro carregam tradições culturais, histórias lúdicas, expressão de sentimentos em poesia cantada e ajudam mães a expressar seus sentimentos.
O impacto do canto materno sobre bebês tem sido objeto de alguns estudos de pesquisa. Por exemplo, Nakata & Trehub, 2004 descobriram que o canto das mães promove a excitação em bebês e a atenção fixa da criança. Eles também sugeriram que o pulso regular da música pode aumentar a coordenação emocional entre mãe e filho.
Dúvida? Dá só uma olhada nesta bebê linda olhando atentamente e encantada para sua mãe enquanto ela canta uma canção simples. Este vídeo se tornou viral aqui no Brasil e fora dele.
A questão não é a letra, é muito mais do que isso. É o som da voz materna, a melodia, a entoação, a delicadeza e a força de expressão materna colocada em uma simples melodia infantil.
Cantar por si só pode melhorar a saúde mental, o bem estar e a qualidade de vida, já comprovado por alguns estudos (Clift, Hancox, Morrison, Shipton, Page, Skingley e Vella-Burrows, 2015).
Então, porque não cantar para o bebê como forma de também se curar dos desafios da maternidade, dos primeiros meses do bebê e até na presença de depressão pós-parto?
Qual o poder do canto materno?
Fancourt & Perkins, 2017 demonstraram pela primeira vez que cantar diariamente para bebês está associado a:
- Diminuição dos sintomas de depressão pós-parto;
- Níveis mais elevados de bem-estar materno
- Melhora da auto-estima
- Aumenta o vínculo entre mãe e bebê.
Uma descoberta secundária de Fancourt & Perkins, 2017 foi que, embora a escuta de música fosse associada a uma melhor saúde mental e bem-estar, esses efeitos foram atenuados ao adicionar outros tipos de engajamento criativo no modelo.
Isso sugere que quando mães cantam diariamente para o bebê, mais do que o som de ouvir uma música sozinha, poderia estar relacionado com a saúde mental e o bem-estar pós-parto.
Na verdade, pode ser uma combinação de quatro fatores que explicam os benefícios do canto: a música em si, o engajamento social, o ato físico de cantar e as respostas pessoais sobre o que se canta.
Professor de Musicoterapia da Escola de Música Frost de Universidade de Miami, Shannon de l’Etoile diz que, para mães com depressão pós-parto, o canto dirigido para crianças cria uma situação mutuamente benéfica.
Através da música, os bebês recebem estimulação sensorial que é muito necessária para concentrar sua atenção. As mães experimentam uma distração muito necessária das emoções e pensamentos negativos associados à depressão, ao mesmo tempo que se sentem capacitadas como mães (De l’Etoile, 2015).
A comunicação entre mãe e bebê se dá não somente através de palavras, mas através do toque, das conexões sensoriais que este relacionamento proporciona entre mães e filhos. Muito mais do que apenas letras cantadas, há voz, melodia, cheiro, toque, olhar que causam na mãe e bebê uma resposta aos seus sentidos de bem estar e calma.
Como comunicadora social, não há nenhuma outra relação de comunicação que eu tenha observado ao longo dos anos, que chegue aos pés em qualidade – conexão mútua sem palavras e entendimento das partes – como a doce melodia que existe na comunicação entre mãe e filho.
É um conjunto de conexões instintivas, inclusive, que tornam o comunicar em si, um ato além de simples palavras. Não há no mundo nada tão afinado como a comunicação que acontece entre mãe e filho, desde em uma simples canção até o toque e o olhar.
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Referências:
Arnon, S., Diamant, C., Bauer, S., Regev, R., Sirota, G., & Litmanovitz, I. (2014). Maternal singing during kangaroo care led to autonomic stability in preterm infants and reduced maternal anxiety.
Baker, F., & Mackinlay, E. (2006). Sing, soothe and sleep: A lullaby education programme for first-time mothers. British Journal of Music Education, 23(02), 147. doi:10.1017/s0265051706006899
Fancourt, D., & Perkins, R. (2017). Associations between singing to babies and symptoms of postnatal depression, wellbeing, self-esteem and mother-infant bond.
Keeler, J. R., Roth, E. A., Neuser, B. L., Spitsbergen, J. M., Waters, D. J. M., & Vianney, J.-M. (2015). The neurochemistry and social flow of singing: bonding and oxytocin. Frontiers in Human Neuroscience, 9, 518.
Nakata, T., & Trehub, S. E. (2004). Infants’ responsiveness to maternal speech and singing. Infant Behavior and Development, 27(4), 455–464.