Amamentação Exclusiva Até 6 meses: Vantagens

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A amamentacão exclusiva até 6 meses de idade possui muitas vantagens, tanto para mãe quanto para o bebê.

Nos primeiros 6 meses de vida, a amamentação exclusiva é fator determinante para que o bebê receba muitas vantagens. O aleitamento materno exclusivo até 6 meses de idade é o mais indicado para promover saúde e um bom desenvolvimento para o bebê.

Os benefícios da amamentação exclusiva até os 6 meses de idade estão bem documentados por pesquisas e estudos científicos a muitos anos.

Bebês amamentados por 6 meses estão mais protegidos contra infecções gastrointestinais do quê bebês que iniciam a introdução alimentar a partir dos 3/4 meses de idade.

Não há benefícios em iniciar alimentos sólidos para o bebê antes dos 6 meses de idade. As orientações, devem sempre ser adaptadas a realidade de cada família.

Vantagens do aleitamento materno exclusivo para mãe e bebê:

  • O bebê tem menos chances de desenvolver problemas digestivos, respiratórios, pneumonia, meningite e síndrome da morte súbita infantil
  • A mãe que amamenta até 6 meses ou mais se recupera mais rápido no pós parto, seu útero com as contrações causadas pela amamentação volta ao tamanho anterior de forma mais rápida também
  • A amamentação exclusiva causa a liberação de hormônios relaxantes como ocitocina e prolactina na mãe e consequentemente confortam o bebê.
  • Bebês amamentados exclusivamente tem um risco reduzido de 50% de desenvolver infecções de ouvido como otite
  • Não há mamadeiras para lavar ou carregar, muito menos problemas de constipação no bebê causados por uma fórmula infantil
  • O estômago do bebê amamentado até 6 meses de idade produzem anticorpos que o revestem e protegem contra infecções

Saiba sobre estes e mais benefícios da amamentação exclusiva e porque continuar neste outro artigo também >> Amamentação até 6 Meses: Benefícios e Porque Continuar

E aqui >> Aleitamento materno exclusivo: o que isso realmente significa?

A amamentação exclusiva por 6 meses pode deixar dúvidas sobre 3 pontos que esclareço abaixo:

  1. Infecções gastrointestinais
  2. Doença celíaca
  3. Alergias
  4. Aceitação de novos alimentos

1. A amamentação exclusiva protege o bebê contra infecções

As evidências mostram que o leite materno protege o bebê de infecções gastrointestinais. Esta proteção ocorre tanto em países de alta e baixa renda. Isto acontece porque o leite materno possui muitos componentes imunológicos, fatores com propriedades antimicorbianas e anti-inflamatórios. Além de substâncias que ajudam o sistema imonológico do bebê a amadurecer promovendo uma microbiota intestinal saudável.

Veja aqui >> Componentes do leite materno: o melhor alimento para o bebê

Durante a amamentação exclusiva, todos os patógenos que a mãe é exposta, fazem com quê o leite materno produza anticorpos para serem transferidos ao bebê. O que se torna um fator a mais de proteção.

Saiba mais neste artigo >> Leite materno se adapta às necessidades do bebê

A Organização Mundial de Saúde, o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria orientam a amamentação exclusiva por 6 meses, pois a introdução de outros alimentos antes deste período está associado a um risco maior de infecções gastrointestinais.

Isto também foi demonstrado em vários estudos e pesquisas científicas, um destes foi o estudo observacional realizado na Bielo Rússia de alta qualidade metodológica (9)

Com base em critérios diagnósticos conjuntos, os pediatras conduziram entrevistas estruturadas sobre a incidência de infecções gastrointestinais. As condições relevantes no local onde o estudo foi realizado eram comparáveis ​​às dos países ocidentais: os serviços básicos de saúde e as condições de saneamento eram de boa qualidade, incluindo o abastecimento de água não contaminada. Os bebês no país tiveram uma baixa taxa de infecção, por razões que incluem a baixa exposição a agentes infecciosos, porque a maioria das crianças ficou em casa com a mãe nos primeiros três anos. A diferença entre os grupos (seis meses versus pelo menos três meses de aleitamento materno exclusivo) nas taxas de incidência de infecções gastrointestinais durante o primeiro ano de vida foi de aproximadamente 40%, o que equivale a uma redução de 24 casos por 1.000 crianças.

No estudo bielorrusso não houve diferença significativa entre os grupos quanto à taxa de hospitalização por infecções gastrointestinais. No entanto, este tipo de infecção normalmente não requer hospitalização da criança, já que a maioria dos casos será tratada por serviços médicos fora de hora ou por um médico pediatra (10).

Um outro estudo a respeito da amamentação exclusiva por 6 meses, feito pela Norwegian Mother and Child Cohort Study (MoBa) também não encontrou diferença na taxa de hospitalização causada por infecções gastrointestinais (11).

2. Aleitamento exclusivo e doença celíaca

Geralmente, pais com doenças celíacas, podem esperar mais do que outros pais para introduzir glúten aos filhos. Enquanto outros acreditam que se introduzir mais cedo (antes dos 6 meses) reduzem os riscos da criança desenvolver doença celíaca.

No entanto, uma meta-análise que incluiu 21 publicações, das quais dois eram ensaios clínicos randomizados, constatou que o momento da introdução do glúten não teve influência no desenvolvimento da doença(6)

Consistente com os resultados da meta-análise(6), as comunidades europeias de especialistas (4,5) concluíram que a introdução de glúten antes dos seis meses de idade não reduz a prevalência da doença celíaca e que a amamentação exclusiva até a idade de seis meses não aumenta o risco.

Veja mais aqui:

3. Amamentação exclusiva protege o bebê de alergias

Antigamente, pais eram orientados a retardar a introducão de alimentos potencialmente alergênicos para que a criança tivesse um ano ou mais para prevenir doenças alimentares. Porém, a introdução destes alimentos de forma tardia provou aumentar o risco da criança desenvolver alergias (4).

Hoje em dia, muitos pediatras já atualizados, orientam que a criança deve receber os alimentos potencialmente alergêncos durante o primeiro ano de vida. No entanto, isto não significa recomendar a introdução alimentar antes dos 6 meses de idade. 

Não há evidências para recomendar alimentos potencialmente alergênicos em idade inferior a 6 meses de idade (4,13,14). A amamentação exclusiva continua sendo indicada.

Leia mais:

4. Aceitação de novos alimentos

Existe uma hipótese chamada “janela crítica” entre as idades de 4 e 6 meses de idade, quando se acredita que os bebês podem aceitar alimentos sólidos com maior facilidade. Esta “hipótese” sugere que a amamentação exclusiva pode tornar o bebê mais exigente. Porém, como dito, é apenas uma hipótese e não está apoiada por evidências científicas.

A introdução de alimentos sólidos a partir dos seis meses de idade não foi associada a maior risco de problemas com a aceitação de novos alimentos posteriormente em crianças amamentadas (4).

Crianças que tiveram a amamentação exclusiva por 6 meses parecem estar mais prontas a aceitar alimentos do que crianças que foram aleitadas com fórmula infantil. Isto porque o leite materno muda de sabor de acordo com o quê a mãe come (15).

Veja aqui:

Portanto, não há razão para introduzir alimentos para uma criança exclusivamente amamentada como ‘amostras gustativas’ antes dos seis meses de idade no intuito de facilitar a aceitação de alimentos sólidos.

Revisões sistemáticas recentes corroboram, assim, a recomendação da amamentação exclusiva por seis meses. É ainda importante saber que de acordo com a recomendação, todos os conselhos devem ser individualizados e adaptados a cada criança e a cada mãe.

Referências:
1. Lancet Breastfeeding Series Group. Breastfeeding in the 21st century: epidemiology, mechanisms, and lifelong effect. Lancet 2016; 387: 475–90. [PubMed][CrossRef]
2. Helsedirektoratet. Nasjonal faglig retningslinje for spedbarnsernæring. Oslo: Helsedirektoratet, 2016. https://helsedirektoratet.no/retningslinjer/spedbarnsaernering (26.4.2019).
3. Kramer MS, Kakuma R. Optimal duration of exclusive breastfeeding. Cochrane Database Syst Rev 2012; 8: CD003517. [PubMed]
4. Scientific Advisory Committee on Nutrition (SACN). Feeding in the First Year of Life. London: UK Government, Public Health England, 2018. https://assets.publishing.service.gov.uk/government/uploads/system/uploads/attachment_data/file/725530/SACN_report_on_Feeding_in_the_First_Year_of_Life.pdf (26.4.2019).
6. Szajewska H, Shamir R, Chmielewska A et al. Systematic review with meta-analysis: early infant feeding and coeliac disease–update 2015. Aliment Pharmacol Ther 2015; 41: 1038–54. [PubMed][CrossRef]
7. Horta BL, Victora CG. Short-term effects of breastfeeding: a systematic review on the benefits of breastfeeding on diarrhoea and pneumonia mortality. Geneva: World Health Organization, 2013. https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/95585/9789241506120_eng.pdf;jsessionid=A3ABB02579F54860E314B8CD012B1632?sequence=1 (26.4.2019).
8. Ballard O, Morrow AL. Human milk composition: nutrients and bioactive factors. Pediatr Clin North Am 2013; 60: 49–74. [PubMed][CrossRef]
9. Kramer MS, Guo T, Platt RW et al. Infant growth and health outcomes associated with 3 compared with 6 mo of exclusive breastfeeding. Am J Clin Nutr 2003; 78: 291–5. [PubMed][CrossRef]
10. Bruun T, Salamanca BV, Bekkevold T et al. Burden of rotavirus disease in Norway: Using national registries for public health research. Pediatr Infect Dis J 2016; 35: 396–400. [PubMed][CrossRef]
11. Størdal K, Lundeby KM, Brantsæter AL et al. Breast-feeding and infant hospitalization for infections: Large cohort and sibling analysis. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2017; 65: 225–31. [PubMed][CrossRef]
12. Størdal K, White RA, Eggesbø M. Early feeding and risk of celiac disease in a prospective birth cohort. Pediatrics 2013; 132: e1202–9. [PubMed][CrossRef]
13. Obbagy JE, English LK, Wong YP et al. Complementary feeding and food allergy, atopic dermatitis/eczema, asthma, and allergic rhinitis: a systematic review. Am J Clin Nutr 2019; 109: 890S–934S. [PubMed][CrossRef]
14. Grimshaw K, Logan K, O’Donovan S et al. Modifying the infant’s diet to prevent food allergy. Arch Dis Child 2017; 102: 179–86. [PubMed][CrossRef]
15. Spahn JM, Callahan EH, Spill MK et al. Influence of maternal diet on flavor transfer to amniotic fluid and breast milk and children’s responses: a systematic review. Am J Clin Nutr 2019; 109: 1003S–26S. [PubMed][CrossRef]

Suelen Maistro
Mãe do Fe. Criadora dos portais Mãe Pop e Sue Maistro. Artista Visual, Diretora de Arte e Tattoo Artist. Pesquisa e estuda temas relacionados a amamentação, educação, criação, psicologia, ciência, arte e design. Mas não se engane, as vezes jogo conversa fora em artigos despretensiosos, pouco importantes e irônicos. Bem vinda a minha casa virtual