O BLW do meu filho me ensina a comer

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Ensinar uma criança a comer é parecido com ensinar todas as outras coisas. Acaba sendo muito mais pelo exemplo do que pela fala.

A imitação é uma forma importante de aprendizado para as crianças, e é aí que mora, para mim, um dos grandes desafios de uma introdução alimentar feliz. Sou fã do método Baby Led Weaning (BLW), no qual o bebê é inserido nas refeições familiares e tem pleno poder sobre a sua relação com a comida. Ninguém coloca comida na boca dele além dele mesmo. E para que isso funcione, obviamente, a alimentação da família tem que ser adequada para a criança.

Acontece que um bebê não deve comer sal, nem industrializados, nem açúcar ou fritura. Nenhuma “conveniência” ou “gostosura” que muitas vezes nós adultos – eu com certeza – usamos como recompensa por um dia difícil ou como solução para um dia corrido. E aí, olhando para aquela pequena pessoa que amamos tanto, somos obrigados a encarar o que comemos, o que bebemos, e todas as nossas escolhas alimentares.

E então, seguir o método BLW passa a ser um desafio muito maior do que deixar a criança comer sozinha e esperar a sua prontidão (o que por si só não é fácil), e passa a ser um desafio pessoal, uma revisão de valores, uma verdadeira transformação.

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Porque quando se é o principal cuidador de um filho, não dá para disfarçar. Comer o chocolate escondido à noite pode até ajudar, mas não resolve a questão, já que estamos juntos à mesa todos os dias, várias vezes por dia. Neste processo, que na minha casa começou há alguns meses, a verdade é que estamos totalmente quites: eu aprendo a comer tanto quanto ele. E tenho um longo caminho pela frente.

Eu me proponho a conhecer abacate sem açúcar junto com ele. Eu procuro comer a comida praticamente sem sal. Eu como legumes e verduras como se fosse a coisa mais natural do mundo para mim, porque eu desejo que seja natural para ele. E quantas coisas novas eu tenho provado, quantas texturas que eu nunca me dei o trabalho de experimentar, quantas aventuras estamos vivendo juntos.

Para ensinar temos que mostrar, e para mostrar, muitas vezes temos que mudar. E eu acredito que comer bem é uma forma de amar a si mesmo. É também uma maneira de respeitar a vida e tentar garantir que ela dure o maior tempo possível. Quando eu transformo a minha alimentação, eu quero que ele entenda que ele é digno de amar a si mesmo e fazer boas escolhas.

Antes de ser mãe, nunca pensei que dizer “me passa o quiabo?” fosse uma maneira tão profunda de dizer “eu te amo”. Mas é. ?