Não amamentar pode ser um trauma muito grande para a maioria das mães. Elas sofrem por não ter conseguido e é preciso acolher esta mãe.
A amamentação para muitas mulheres é um desejo idealizado durante toda a gestação e não amamentar pode significar uma tristeza muito grande.
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Ainda que a amamentação seja um desafio diário e surjam uma série de problemas, muitas mulheres enfrentam estes problemas diariamente para conseguir e são perseverantes nesta decisão.
No entanto, para outras mulheres, tantos desafios podem fazer com quê elas desistam e não amamentar seja sua realidade. E neste caso, uma série de situações podem estar envolvidas na decisão.
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É importante saber que nem sempre esta decisão vem especificamente da mãe, as vezes, pressionada por uma série de questões internas e até externas, para aquela mãe, decidir por não amamentar pode ser, para ela, uma solução ou simplesmente um jogar as toalhas.
A falta de apoio e incentivo…
Hoje temos maior acesso a informação sobre aleitamento e não dependemos única e exclusivamente do que o médico diz (graças ao céus, porque o que tem de médico falando bobagem sobre aleitamento…), no entanto, a algum anos atrás as mães (nossas mães e avós) não tinham este acesso e o uso de leite artificial era o mais comum.
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Então veja: como uma mãe e avó de anos atrás pode oferecer apoio e incentivo quando ela não sabe muito sobre amamentação? As vezes, as mães das novas mães e sogras sequer são favoráveis ao aleitamento.
O que torna o não amamentar um ciclo de gerações para gerações não por uma questão “genética”, mas pela falta de informação adequada.
Muitos pais e amigos não entendem nada sobre amamentação e não entendem também porque uma mãe decide amamentar prolongadamente, inclusive. Muitos médicos estão totalmente desatualizados sobre amamentação, e além de indicarem leite artificial sem necessidade, ainda desmerecem a importância do aleitamento para a nova mãe e até indicam desmame.
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Frente a toda esta falta de apoio e incentivo das pessoas e profissionais que deveriam estar mais próximos e afinados com a mãe sobre a decisão de amamentar, esta mãe desiste. Ainda que para muitas dê para continuar, para outras, ter apoio e incentivo é essencial e elas não conseguem prosseguir sozinhas.
Artigos de apoio para a falta de apoio e incentivo:
- 10 dicas para novos pais participarem mais da chegada do bebê
- 10 coisas que você não deve dizer a uma mãe que amamenta
A volta ao trabalho…
Muitas mães não sabem como fazer quando voltam ao trabalho. Aqui no portal tenho uma série de artigos importantes para esta volta ao trabalho onde ensina a ordenhar leite, armazenar e oferecer ao bebê, bem como a quantidade adequada de leite para deixar para o bebê.
No entanto, muitas mulheres mesmo com as dicas não conseguem seguir amamentando, as razões podem ser desde falta de local adequado para ordenha no trabalho, falta de liberdade para conseguir parar o trabalho durante o dia para ordenha e até críticas de colegas de trabalho e chefes sobre a ordenha.
Tive uma amiga que enfrentava risadinhas e comentários dos colegas de trabalho toda vez que se levantava de sua mesa para ir ordenhar leite.
Além disso, há aquelas mães que não tem um local para ordenha e muito menos para armazenar este leite até voltar para casa como as taxistas, cobradoras, vendedoras externas e várias outras funções incompatíveis com a ordenha diária de leite.
Trabalhos muito estressantes e que exigem muito da mãe, também interferem no ânimo dela para continuar amamentando, o cansaço e as mamadas noturnas que costumam ser mais frequentes quando a mãe volta a trabalhar, são fatores que também dificultam o processo.
Além disso, os cuidadores que ficarão com os bebês demonstram pouco ou nenhum interesse em aprender a oferecer o leite no copinho para o bebê e muitas creches públicas não aceitam leite materno ordenhado, tornando a vida da mãe trabalhadora cada dia mais difícil.
Existem muitas mães que em meio a tantos desafios, conseguem manter a amamentação e estas mães são verdadeiramente guerreiras.
Veja aqui alguns artigos de apoio para sua volta ao trabalho ser mais tranquila:
- Como ordenhar leite materno: aprenda a técnica
- Como armazenar, congelar e descongelar leite materno
- Como descongelar e oferecer leite materno ao bebê
- Como fazer livre demanda na volta ao trabalho?
- Direitos da mãe trabalhadora que amamenta: a volta ao trabalho
Atitude dos médicos e profissionais de saúde frente a uma mãe que amamenta…
Muitos médicos não entendem o básico sobre manejo adequado da amamentação, muitos pediatras sequer avaliam o bebê mamando e se há algum problema, não são capazes de corrigir uma pega inadequada ou qualquer outro problema da amamentação mais complexo.
Para muitos é mais fácil oferecer uma lata de leite artificial em vez de encaminhar a mãe para uma profissional de aleitamento materno. Alguns até dizem apoiar a amamentação e incentivar, mas não sabem realmente como resolver questões de aleitamento que exigem acompanhamento e correção de mamadas.
Há também os profissionais de saúde de dentro da maternidade que já interferem negativamente no aleitamento materno tanto não sabendo corrigir problemas como indicando conchas, intermediários e uma série de outros produtos para amamentar que mais causam problemas do que ajudam.
Isso quando a mãe não sai com a receita de leite artificial deixada como rotina pelo pediatra da maternidade.
Quando finalmente a mãe passa pela fase do pós parto e consegue seguir amamentando, qualquer outro profissional de saúde que ela encontra no meio do caminho para tratar questões que nada tem a ver com a amamentação, como um corte no dedo, o profissional ainda pergunta se ela amamenta, qual idade da criança e se dá o trabalho de desestimular esta mãe falando que o leite não serve mais, mesmo não sendo um assunto de sua alçada.
Ao mesmo tempo que é chocante tantos profissionais de saúde leigos e desatualizados sobre o assunto, é desesperador saber que a razão de muitos desmames vem exatamente daqueles que mais deveriam apoiar a amamentação.
Artigos de apoio:
- O ciclo de problemas: chupeta, mamadeira e baixa produção de leite materno
- Ética no aleitamento: conflitos de interesses e profissionais de aleitamento
- Bebê cetogênico ou low carb: modismo desde o nascimento?
Falta de ajuda com problemas da amamentação…
Algumas mães frente a profissionais desatualizados e sem conhecimento sobre a existência de profissionais específicos de aleitamento materno não sabem onde e como pedir ajuda. Muitos bancos de leite quando procurados, ajudam em questões mais simples, no entanto, geralmente quando se trata de um caso mais difícil e que leva tempo e a necessidade de acompanhar aquela mãe, nem sempre os bancos de leite tem disponibilidade ou pessoa capacitada para tal atendimento.
Alguns locais no Brasil não tem nem mesmo banco de leite próximo e ou profissionais de aleitamento materno para atendimento.
Logo, a mãe se vê sozinha, tenta buscar ajuda pela internet mas nem todos os problemas da amamentação podem ser resolvidos em grupos de apoio ou lendo artigos.
Assim, estas mães sem ajuda profissional específica podem desistir de amamentar por não verem outra saída.
Questões emocionais e pessoais…
Medo de não conseguir, experiências traumáticas na infância, falta de confiança e todo pensamento negativo que envolva a amamentação na psiquê daquela mãe podem contribuir para que ela desista e não consiga seguir amamentando.
As vezes existem uma série de questões emocionais que estejam minando a capacidade daquela mãe em conseguir amamentar e nem ela mesma se dá conta dos motivos de não conseguir.
Tudo para esta mãe parece difícil e mesmo com apoio profissional, ela geralmente coloca empecilhos para seguir as estratégias para o sucesso de sua amamentação. Falta de vontade? Nem sempre…
As vezes esta mãe realmente não quer amamentar, mas não porque não ama seu bebê ou não quer o melhor para ele, mas porque esta tomada internamente por emoções que nem ela mesma consegue identificar que a impedem de conseguir.
Quando os pensamentos de amamentação são embaraçosos, desconfortáveis ou vergonhosos, é mais provável que uma mulher decida por não amamentar.
Artigos de apoio:
- Superação de conflitos internos, amamentar e a cura materna
- Mamas em luto: como alimentar um bebê apenas na mamadeira imita a perda no cérebro das mães
- Amamentar é entrega, dedicação e resiliência
- Amamentar é de graça, mas ainda é um privilégio de poucas
Amamentar é uma escolha e como toda escolha, é importante que ela seja feita de forma bem informada. Muitas mulheres decidirão não amamentar seus filhos e esta escolha precisa ser respeitada, mas a grande maioria das mulheres se veem em um mar de problemas perante a amamentação e por várias razões não conseguem nadar neste mar.
Em muitos casos as barreiras podem ser superadas, em outros não. Mães que amamentam não devem julgar mães que não amamentam e vice versa. Precisamos lidar sempre com respeito com nossa amiga materna, as dificuldades que cada uma enfrenta é totalmente pessoal.
Como mães, todos precisamos entender as escolhas de cada uma e nos apoiar, independente do método de alimentação que escolhemos. No final, todas queremos o mesmo – ter filhos felizes e saudáveis.