O Recém Nascido Real e o Idealizado: As Surpresas Da Maternidade

Aquele bebê idealizado da gravidez não existe e o que existe depois do nascimento é muito mais rico.3 min


O recém nascido real é muito diferente daquele que você idealizou a gravidez inteira. Me diga se o recém nascido real que você tem é como este: durante a gravidez esperamos ansiosamente pela chegada do bebê e essa espera é rodeada de uma fantasia muito comum. É a fantasia de um recém nascido dormindo em nossos braços ou no seu berço decorado.

Visitas que chegam e pegam aquele bebezinho dorminhoco no colo e este acorda como nos desenhos da Disney, dando um bocejo feliz e um sorrisinho. Só de descrever esta cena podemos ouvir aquele toque doce e suave da música de ninar. Este não é o recém nascido real para muitas. Agora vamos falar da vida real. Primeiramente, para as mães que vivem este tipo de situação descrita acima, vocês são uma raridade iluminadas pela lua e com muita sorte.

Para todas as outras terrestres comuns, mães mortais, saibam que é normal este rock pesado dos primeiros dias, bebê o tempo inteiro no peito feito piercing, choro, muito choro e golfadas que vão tatuar toda a sua roupa. O recém nascido golfa, às vezes muito. Pode vomitar todo o leite e muitos chamam de refluxo e até pode ser intenso, mas não necessariamente é uma doença. Alguns acordam de 30 em 30 minutos durante a madrugada, às vezes não dormem de dia. E sim, eles vão chorar no colo das visitas e nem podia ser muito diferente disto porque eles nem conhecem aquela pessoa.

Algumas visitas serão palpiteiras e te verão naquele caos cansada, descabelada e com olheiras e vão se esquecer (falo das que são mães, as que não são é pura falta de noção da realidade mesmo) que passaram pela mesma coisa e achar que você esta fazendo alguma coisa errada te dando várias “dicas” de como agir para adestrar, educar e até amamentar um bebê que sequer se deu conta que nasceu.

Loucura total. Não o comportamento do bebê, porque este é o normal, esta é a realidade, ele é o recém nascido real, aquele que sempre foi. Loucura total é a fantasia que se cria em torno disto e depois a realidade pega muitas mães de surpresa lhes deixando inseguras e com um sentimento de que algo esta errado com o seu bebê. Não está, acredite. Não tem nada de errado com o seu bebê. Imagine você estar dentro de um útero escurinho, quentinho, aconchegante e seguro e aquele ser o seu mundo, de repente você passa dali para outra dimensão.

Não é assustador? Eu provavelmente no lugar do bebê iria entrar em desespero, querer me agarrar a única referência de “casa” que eu tivesse (a mãe) e nunca mais sair de perto para ter certeza que as coisas não iriam mudar mais ainda na minha vida. Com o tempo e com muito carinho e acolhimento provavelmente eu iria me acalmar, relaxar um pouco e até arriscar algum tempinho naquele tal berço ou carrinho, ou cama…

Mas só quando eu me sentisse segura o suficiente e tivesse certeza de que minha mãe não iria desaparecer como num passe de mágica. O que quero dizer me colocando no lugar do bebê é que as mães serão mais felizes e bem resolvidas com todas estas questões se começarem a se colocar no lugar dos seus bebês e sentir como esta sendo para ele este momento. Isto se chama empatia e salva a realidade de muitas mães que viviam na fantasia do recém nascido idealizado da gravidez.

Aquele bebê idealizado da gravidez não existe e o que existe depois do nascimento é muito mais rico. Ainda que difícil e cansativo nos primeiros dias, esta riqueza nos faz crescer enquanto seres humanos e nos torna capazes de ajudar este bebê a crescer de uma forma saudável e feliz, tanto fisicamente como emocionalmente. Tenha paciência que este rock pesado aos poucos vai virando uma baladinha pop e você vai aprender a dançar conforme a música em pouco tempo.

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Suelen Maistro
Mãe do Fe. Criadora dos portais Mãe Pop e Sue Maistro. Artista Visual, Diretora de Arte e Tattoo Artist. Pesquisa e estuda temas relacionados a amamentação, educação, criação, psicologia, ciência, arte e design. Mas não se engane, as vezes jogo conversa fora em artigos despretensiosos, pouco importantes e irônicos. Bem vinda a minha casa virtual