Os humanos são os bebês mais indefesos de todo o reino animal e assim como alguns animais, precisam de um tempo junto a mãe após o nascimento para terminar de se desenvolver, a isto damos o nome de exterogestação. A exterogestação é como uma gestação externa, um momento onde o bebê continua se desenvolvendo emocionalmente e fisicamente no colo da mãe. Este momento é fundamental para ele.
A mãe carrega o bebê em seu colo por mais alguns meses e o mantêm bem perto de seu corpo assim como as mães cangurus que carregam seus bebês por cerca de 8 meses em sua bolsa até que eles sejam capazes de andar sozinhos. Com os bebês humanos não é tão diferente disto.
A exterogestação tem um motivo biológico importante no desenvolvimento humano. Um bebê humano nasce antes de seu cérebro estar realmente preparado para o mundo. Caso ele ficasse mais tempo no útero, sua cabeça ficaria grande demais para passar pelo canal vaginal. Assim, os bebês nascem ainda imaturos e dependentes, mais do que qualquer outro animal.
Você já reparou que alguns bebês animais nascem e saem andando após alguns minutos de nascido? Isto é muito diferente de um bebê humano. O custo primal de não ter um cérebro grande o suficiente já no nascimento é que nossos filhotes, nascem extremamente dependentes e em necessidade constante de cuidado. “Pelo ritmo de desenvolvimento humano, a separação do corpo da mãe antes de qualquer outro mamífero, desafia a lógica” (Heller)
E é por isso que bebês precisam de muito colo, calor e conexão com suas mães. Precisam sentir o cheiro de sua mãe bem de perto e continuar ouvindo o som do coração de sua mãe. Aquele que ele tanto ouviu no útero. O bebê humano precisa ser tocado, receber carinho, proteção e cuidado para se sentir pleno, feliz e continuar com seu ritmo de desenvolvimento fora do útero. O nascimento traz a vida do bebê uma outra dimensão.
Ele se sente perdido com tantos cheiros novos, barulho, pessoas e contato com estranhos, então ele experimenta uma sensação de desespero e medo com tantas coisas diferentes do que ele viveu até ali. O colo da mãe, representa para ele a proteção, segurança e a volta a sua base principal. É o lugar onde ele sente um pouco do que vivia antes com o toque, calor e cheiro de sua mãe. Uma pequena lembrança não tão distante dos momentos vividos no útero.
O colo para o bebê recém-nascido é a possibilidade de se sintonizar novamente com sua vida anterior e com a pessoa mais importante nela: sua mãe. É ali, no colo da mãe que ele poderá respirar tranquilamente e observar o mundo novo com segurança.
Muitas mães neste período fazem uso do sling para que consigam oferecer para o bebê toda proteção, segurança, calor, cheiro e toque que ele tanto precisa e ainda assim poderem fazer outras coisas com maior liberdade. O sling é um item importante para que a exterogestação aconteça de forma que a mãe não se sinta tão limitada ao dedicar os dois braços o tempo inteiro para carregar o bebê.
No colo dentro de um sling o bebê tem a chance de experimentar sensações parecidas com as que viviam no útero materno, como o balanço da caminhada da mãe, a posição acolhedora e o peito materno sempre próximo e ao alcance para a livre demanda. “O contato é tão necessário para o desenvolvimento normal dos bebês como o alimento e o oxigênio” – (Richard Restak). A amamentação é uma aliada da exterogestação, pois permite que o bebê esteja sempre em contato com sua mãe e que ambos tenham tempo juntos onde mãe e filho irão se conhecer, aprender juntos e se desenvolverem. Nasce um bebê, nasce uma mãe ativa.
Em algumas culturas, como na tribo !Kung, bebês raramente choram por longos períodos e não há sequer uma palavra que signifique “cólica”. As mães carregam os bebês junto ao corpo, com um aparato semelhante a um “sling”, mesmo quando saem para a colheita. A relação mãe-bebê é considerada sacrossanta, eles permanecem juntos o tempo todo. O bebê tem livre acesso ao seio materno e vê o mundo do mesmo ponto de observação que sua mãe.
A teoria da exterogestação, segundo o Dr. Harvey Karp sugere que este período de maturação do cérebro do bebê acontece até pelo menos os três primeiros meses, portanto muito colo neste período e algumas técnicas podem acalmar o bebê. Não aperte o bebê no charutinho: Alguns estudos comprovaram que a compressão toráxica do bebê pode causar dificuldades respiratórias e a compressão das pernas e quadris podem causar problemas no desenvolvimento.
Um dos estudos publicado no British Journal of Medicine associava um aumento de 24% do risco de Síndrome de Morte Súbita Infantil (SMSI) ao fato de se embrulhar o bebê. Uma das possíveis explicações para isso seria que a caixa torácica do bebê estaria dificultada ou até impedida de se expandir adequadamente durante o processo respiratório.
Outros estudos publicados no AAP News (News da Academia Americana de Pediatria) em junho de 2013 mostraram que o hábito de fazer o charutinho em bebês, pode desencadear problemas sérios de desenvolvimento e danos nos quadris dos bebês.
5 dicas para acalmar o bebê recém-nascido:
1. Uso do sling.
É um grande aliado e deixa o bebê mais aconchegado e perto da mãe, ouvindo sua respiração e batimentos cardíacos, bem como sentindo seu cheiro, tendo seu toque e tendo acesso ao seio materno pela livre demanda.
2. De ladinho.
Com ele no colo, vire-o de lado, segurando-o como se fosse uma bola de futebol americano, com a barriguinha ligeiramente para baixo.
3. Shhh BAIXINHO.
Emitir o som do “shhh” tem um efeito calmante. O Dr. Moises ressalta que o barulho deve ser baixinho e longe da orelha do bebê. Provavelmente você já se pegou fazendo o som sem perceber, pois geralmente ele é instintivo. Vale lembrar que a voz materna cantada em canções de ninar também acalmam o bebê. 😉
4. Balançar.
Esta com certeza você faz naturalmente porque ela também é instintiva, basta ter um bebê no colo que logo iniciamos o balancinho. Esses movimentos contínuos e repetitivos têm um efeito hipnótico no bebê. Lembre-se que o balanço é lento e calmo, sugerindo uma caminhada leve da mãe, não balance rapidamente e nem com força o seu bebê pois pode prejudicá-lo.
5. Sugar.
A amamentação é a grande aliada da mãe quando se trata de acalmar o bebê, pois ele se acalma, se sente protegido e acolhido no seio materno, por isso a livre demanda é sempre indicada.
Leia mais:
- Atenda o choro do bebê: segundo pesquisa pais devem dar colo e atender seus bebês
- Os primeiros mil dias do bebê e sua importância
- Amamentar é uma transição de dentro para fora da barriga
- Teoria do Apego: as fases de desenvolvimento do ser
- Todo bebê precisa de colo, calor e conexão
- Os primeiros 3 meses do bebê: o quarto trimestre te pegou de surpresa?