Há muitas receitas sobre cuidados com bebês, mas poucas sobre como acalmar o bebê.
Nenhuma mãe quer que seu bebê fique estressado e saber como acalmar o bebê é totalmente útil no desafiador mundo da maternidade.
O estresse tem consequências para a saúde a longo prazo. Quando os bebê são expostos ao estresse, o cortisol aumenta e os tornam propenso a desenvolver problemas de comportamento e doenças mais tarde na vida.
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Na pior das hipóteses, o estresse tóxico pode alterar o crescimento do cérebro e encurtar a vida útil.
Nós podemos fazer muito pela proteger nossos bebês do estresse. Crianças que experimentam contato afetivo crescem resistentes ao estresse, mesmo tendo nascido com fatores de risco para problemas relacionado ao estresse (Meaney, 2001).
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Pesquisadores descobriram o poder protetor da afeição física:
Bebês de alto risco que recebiam colo, atenção e carinho durante o início da infância desenvolveram-se normalmente (Sharp et al 2012; Sharp et al 2014).
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Muitas outras pesquisas indicam que os pais possuem uma capacidade nata de entender e atender o bebê com sensibilidade.
Por exemplo, os pais que apresentam níveis mais altos de sensibilidade tendem a ter bebês com níveis basais mais baixos de cortisol (Blair et al., 2006).
E bebês que nascem com temperamentos “difíceis” e facilmente angustiados se beneficiam mais: nos estudos, bebês criados por pais sensíveis e responsivos, acabaram tendo melhores resultados (Stright et al. 2008; Pluess e Belsky 2010).
O modo como você atende seu bebê faz diferença no quanto ele pode ser ou não mais calmo e tranquilo.
Mas como acalmar o bebê e atendê-lo?
1. Dê carinho físico e preste atenção ao que o bebê gosta e não gosta.
O toque protege os bebês. Ele desencadeia a liberação de agentes químicos como a ocitocina e opióides endógenos (analgésicos naturais).
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O efeito calmante ajuda a diminuir a produção de cortisol. Há menos desgaste fisiológico no corpo e o cérebro desenvolve um padrão de resiliência longo.
No entanto, o toque também pode ser irritante.
Experimentos sugerem que alguns bebês não gostam de uma sensação de carícia leve, preferindo um toque mais firme (Kida e Shinohara 2013).
Podem sentir-se estressados em serem tocados fora do contexto de uma situação amigável e multisensorial.
Em experimentos com recém-nascidos, os bebês mostraram uma queda nos níveis de cortisol quando foram acariciados por um cuidador, que os balançaram, fizeram contato visual e falaram suavemente. Mas quando eles foram acariciados em silêncio – sem balançar ou contato visual – esses bebês experimentaram uma onda de cortisol (White-Traut et al 2009).
Por isso é preciso entender quais as preferências do bebê e respeitá-las.
2. Pense como um bebê
O bebê esta em uma situação vulnerável, dependente, imobilizado e incapaz de se comunicar com a linguagem. Já se colocou no lugar dele e tentou imaginar?
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Pense no banho do bebê:
Você prepara tudo primeiro, e depois desnuda o bebê antes de colocá-lo na água? Ou você desnuda o bebê primeiro e o faz esperar pelo banho dele?
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Amie Hane e Lauren Philbrook (2012) observam que o último caso pode dar errado. O bebê fica com frio esperando o banho, chora, se contorce. Tudo fica mais difícil. Quem segura o bebê o coloca de forma mais desajeitada na água por causa da situação.
A água parece particularmente quente contra a pele do bebê e ele grita de indignação.
Um passo em falso em uma situação simples deixa todos estressados. O bebê parece temperamental e intolerante, os pais se tornam mais bruscos e impacientes.
Descobrir como o bebê se sente melhor e mudar as táticas evita uma cascata de efeitos negativos.
Se esforçar para ver o ponto de vista do bebê tem muitos benefícios. Estudos sugerem que pais sintonizados com seus bebês acabam tendo relações de apego mais fortes e os bebês desenvolvem melhores habilidades sociais.
3. Não subestime a capacidade do bebê perceber suas emoções negativas e absorvê-las para ele.
Estudos mostram que bebês – até mesmo recém-nascidos – ficam angustiados quando seus cuidadores ficam emocionalmente indiferentes (chateados, tristes, distraídos) (Yoo e Reeb-Sutherland 2013).
Aos 6 meses, muitos bebês conseguem perceber uma linguagem corporal raivosa ou feliz (Zeiber et al 2013), e são sensíveis a hostilidade.
Bebês expostos a adultos com raiva e brigas são mais propensos a desenvolver sistemas de resposta ao estresse anormais (Towe-Goodman et al 2012; Graham et al 2013).
Um experimento sugere que os bebês percebem quando estamos estressados e absorvem o estresse. Pesquisadores separaram mães e bebês e pediram para o primeiro grupo fazer um atividade estressante e o segundo grupo uma atividade tranquila.
Quando as mães voltaram para seus bebês, as mães do primeiro grupo que estavam mais estressadas tiveram seu estado de espírito percebido por seu bebê.
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Os bebês destas mães espelharam sua condição mudando até mesmo a frequência cardíaca e se tornando mais ansiosos em relação aos outros (Waters et al 2014).
Gerenciar seu próprio estresse – buscando apoio – pode fazer uma diferença importante no comportamento e bem-estar de seu bebê.
4. Envolva seu bebê na comunicação, mas não o force
Estudos indicam que bebês ficam felizes e calmos quando conversamos com eles. Respondendo suas perguntas implícitas e lhes dando apoio. Isso ajuda o bebê a lidar com suas emoções negativas e a desenvolver relacionamentos de apego seguros e saudáveis.
No entanto, é preciso ter cuidado para não sobrecarregar o bebê. Se seu rosto estiver muito próximo, ou se o bebê estiver cansado da interação ele avisará se abaixando ou colocando as mãos sobre o rosto, virando a cabeça ou desviando o olhar (Beebe et al 2010). ).
5. Caminhe com o bebê
Pesquisadores descobriram que bebês apresentam freqüências cardíacas mais lentas, movimentos corporais reduzidos e choro reduzido quando eram mantidos por um adulto que caminhava de um lugar para outro (Esposito et al 2013).
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6. Fique emocionalmente disponível na hora de dormir.
Na história da humanidade nossos ancestrais dormiram perto de seus bebês para protegê-los. A sobrevivência dependia disto. Não é de se surpreender que bebês preferem estar ao lado de seus pais a noite.
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Bebês experimentam níveis elevados de cortisol ao dormirem sozinhos – mesmo que tenham sido “treinados” para dormir em seus próprios quartos, e permaneçam relativamente quietos (Middlemiss et al 2011).
Deixar o bebê dormir sozinho não afeta apenas sua noite, mas a forma como lidam com o estresse em outros momentos do dia.
Um estudo relata que bebês de 5 semanas que dormiam com seus pais em cama compartilhada ou co-sleeping eram mais calmos (Tollenaar et al 2012).
Estar fisicamente perto a noite ajuda os bebês a regularem suas respostas ao estresse, no entanto, isto não é tudo. Outros pesquisadores argumentam que a disponibilidade emocional na hora de dormir é importante.
Rotina tranquila e calmante para ajudar o bebê a dormir, bem como evitar interações sociais, espírito calmo e tranquilo e responder imediatamente (em até 1min) quando o bebê chora fazem parte deste pacote.
Quando os pesquisadores Lauren Philbrook e seus colegas observarem rotinas noturnas familiares, descobriram que as mães que eram classificadas como “emocionalmente disponíveis” tinham bebês com baixos níveis de cortisol noturno e com uma probabilidade de desenvolver padrões normais e saudáveis de mudança hormonal ao longo do dia (Philbrook et al 2014).
Referências:
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Feldman R, Singer M, and Zagoory O. 2010. Touch attenuates infants’ physiological reactivity to stress. Dev Sci. 13(2):271-8.
Graham AM, Fisher PA, and Pfeifer JH. 2012. What sleeping babies hear: a functional MRI study of interparental conflict and infants’ emotion processing. Psychological Science 24(5):782-789.
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Tollenaar MS, Beijers R, Jansen J, Riksen-Walraven JM, and de Weerth C. 2012. Solitary sleeping in young infants is associated with heightened cortisol reactivity to a bathing session but not to a vaccination. Psychoneuroendocrinology. 37(2):167-77.
Towe-Goodman NR, Stifter CA, Mills-Koonce WR, Granger DA and Family Life Project Key Investigators. 2012. Interparental aggression and infant patterns of adrenocortical and behavioral stress responses. Dev Psychobiol. 54(7):685-99.
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