Amamentar os bebês do mundo poderia prevenir até 800 mil mortes de crianças e diminuir os casos de câncer de mama em até 20 mil.
O ato de amamentar seu bebê o protege e te protege. Se o aleitamento materno em todo mundo fosse uma prioridade e aumentasse, até 800 mil bebês estariam protegidos da morte e teríamos até 20 mil casos a menos de câncer de mama ao ano!
Pesquisadores dizem que as mortes infantis e as mortes por câncer de mama podem ser reduzidas se mais mulheres amamentarem lactentes em países em desenvolvimento e industrializados.
Esta conclusão veio de uma estimativa em uma pesquisa sobre o que aconteceria se houvesse níveis quase universais de amamentação em países industrializados e em desenvolvimento.
A vida de 800 mil crianças poderia ser salva a cada ano devido ao aumento da amamentação. Isso equivale a 13% de todas as mortes em crianças menores de 2 anos em todo o mundo.
Além disso, disseram que; outras 20 mil mortes por câncer de mama poderiam ser prevenidas todos os anos.
A equipe internacional de pesquisadores publicou suas descobertas no The Lancet. O projeto foi financiado, em parte, pela Fundação Bill e Melinda Gates.
Segundo os pesquisadores, apenas 1 em cada 5 crianças em países de maior renda é amamentada até os 12 meses de idade. Eles acrescentaram que apenas 1 em cada 3 crianças em países de baixa e média renda é amamentada exclusivamente até aos 6 meses de idade.
Como resultado, milhões de crianças estão perdendo os benefícios oferecidos pela amamentação.
Foram analisadas 28 revisões sistemáticas e metanálises. Os dados mostram que a amamentação não só melhora a saúde dos bebês e mães, mas também aumenta a expectativa de vida.
A amamentação reduz o risco de Síndrome da Morte Súbita Infantil (SIDS) em países de maior renda. Em países de baixa renda e renda média, os pesquisadores disseram que a amamentação pode prevenir metade dos casos de diarréia e um terço de todas as infecções respiratórias.
Eles acrescentaram que a amamentação a longo prazo reduz o risco de câncer de mama e câncer de ovário em mães.
“Há um equívoco generalizado de que os benefícios da amamentação apenas se relacionam com países pobres. Nada poderia estar mais longe da verdade”, disse o autor do estudo Dr. Cesar Victora, professor emérito da Universidade Federal de Pelotas no Brasil.
“Nosso trabalho para esta série mostra claramente que amamentar salva vidas e dinheiro em todos os países, ricos e pobres”.
Apesar de todos os benefícios para a saúde, as taxas de amamentação são baixas em todo o mundo, particularmente em países de maior renda.
No Reino Unido, por exemplo, cerca de 1% dos bebês são amamentados até os 12 meses de idade. Na Irlanda, é de 2% e na Dinamarca é de 3%. Nos Estados Unidos, cerca de 27% dos lactentes são amamentados até 12 meses, de acordo com um relatório do CDC.
No Brasil, a média de amamentação exclusiva é de apenas 54 dias.
Os pesquisadores acrescentaram que as taxas de amamentação podem ser aumentadas pela ampliação de políticas e programas que incentivem a prática. Em Bangladesh, observaram, as taxas de amamentação aumentaram 13% após a introdução das medidas de intervenção.
Conclusões do estudo:
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Mais 800 mil crianças poderiam ser salvas cada ano, entre as crianças menores de 5 anos, se todas as crianças entre 0 a 23 meses fossem amamentadas. O que significa uma diminuição da mortalidade infantil em 13%
- Em países de baixa e média renda, o aleitamento materno pode prevenir 1/2 de todos os casos de diarréia e 1/3 das infecções respiratórias.
- Em países de alta renda a amamentação reduz o risco de morte súbita em crianças em mais 1/3
- Amamentar protege contra a obesidade e diabetes na vida adulta
- Amamentar contribui para um melhor desempenho intelectual, crianças amamentadas tem melhores escores de QI, e estão associados com melhores salários na vida adulta.
- Amamentar reduz o risco de câncer de mama e de ovário. Se todas as mulheres do mundo amamentassem, teríamos menos 20 mil mortes relacionadas ao câncer de mama por ano.
- A amamentação contribui para melhora dos desenvolvimento infantil e redução dos custos de saúde, devido ao ganho econômico das famílias, individualmente e também em nível nacional. Veja aqui uma média de gasto com leite artificial ao ano: Quanto custa o leite artificial x uma consultora de amamentação
Link da pesquisa: Breastfeeding.
Dr. Cesar Victora é Professor Emérito da Universidade Federal de Pelotas, e também ocupa posições nas universidades de Harvard, Oxford, Johns Hopkins e Londres.
Mais estudos da equipe do Dr. Cesar Victora:
- Efeitos de longo prazo da amamentação: Long-term effects of breastfeeding
- Efeitos de curto prazo da amamentação: Short-term effects of breastfeeding
- Aleitamento materno no século XXI: epidemiologia, mecanismos e efeitos ao longo da vida: Breastfeeding in the 21st century: epidemiology, mechanisms, and lifelong effect
- Por que investir e o que será necessário para melhorar as práticas de amamentação?: Why invest, and what it will take to improve breastfeeding practices?
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