Maternidade Consciente: Ser Mãe Não é Para Todas E Tudo Bem!

4 min


Falar sobre maternidade consciente é importante. Todos os dias meninas se tornam jovens mulheres aptas para se tornarem mães. Por mais estranho que possa parecer, há sempre a sensação de quê o fim de nossa vida para ser completa, esta relacionada a casar e ter filhos. Mas uma maternidade consciente é muito mais do que isto.

Mulheres crescem ouvindo isto e sendo condicionadas até mesmo pelos brinquedos “de meninas”, de casinha, de mamãe e se for uma brincadeira relacionada a algo, geralmente é de pediatra ou algo focado aos cuidados de pessoas e animais. Nascemos para “cuidar” de alguém, parece até mesmo uma sina.

E nesse embolo todo que é a criação de uma mulher pela sua mãe ou por qualquer outra pessoa, a pressão para que a mulher se encaixe em um determinado padrão a acompanha pela vida inteira. Até mesmo desconhecidos e parentes distantes se acham no direito de especular: “E aí, esta namorando? Quando vai casar? Quando vocês vão ter filhos? Nossa, você vai ficar pra “titia”! Nossa, você vai ficar velha e solitária! Depois dos 30 é perigoso ter filhos!”

A pressão se instala das mais diversas formas. Te colocam dentro de uma caixa e acham que você precisa caber ali dentro ou se moldar ao quadrado. A vida não é assim. Eu, como mãe, te digo: você não precisa casar e ter filhos para se sentir completa e realizada. Se você não tiver a menor vontade de nada disto, ainda assim, esta tudo bem.

Quando eu era mais nova, o meu “jeito” prático, e confesso, as vezes seco e direto fazia com que as pessoas me taxassem como “aquela que iria passar a vida sozinha vivendo com gatos”. Como se isto fosse um defeito. Eu amo gatos. Uma ex-amiga de faculdade chegou a dizer, mas eu achava aquilo tudo uma grande bobagem já que tinha minhas próprias convicções a respeito da minha vida. Achava uma invasão, mas ficava na minha. E é por estas e outras que ela se tornou “ex-amiga”.

Apesar de tudo eu sempre fui apaixonada pela maternidade. Cresci cuidando de primos e irmãos. Quando o meu filho nasceu, planejado e esperado por 1 ano até o positivo, eu sabia exatamente o que fazer: Dar banho, trocar, pegar, embalar, ninar…nunca me senti tão a vontade fazendo isto.

E para as que gritam aos quatro ventos que vida de mãe é difícil e que não devemos “romantizar”, eu até entendo, mas vamos sair do 8 ou 80. Existem mulheres que gostam de ser mães e que sim, sabem que é difícil, acontece que preferem enxergar o lado bom das coisas, principalmente quando esta “coisa” era algo que ela se preparou, planejou e desejava.

Quem gosta de acordar de madrugada para amamentar? Certamente é bem desagradável e exaustivo, mas quando você queria muito algo, você faz isto feliz. Você é inundada por um sentimento de proteção e conquista e pensa primeiro no bem do bebê.

Instinto materno nem todas o tem e está tudo bem!

E é aí que mora o problema. Muitas mulheres não querem nada disto, mas são condicionadas. Então quando elas seguem a onda e acabam casadas com filho pra criar, a sensação é de terem feito uma grande besteira e estarem presas para o resto da vida a alguém que elas não desejavam de verdade.

Desconsiderem as mulheres com depressão pós-parto porque isto é uma doença temporária e tem tratamento. Vamos focar nas que não queriam ser mães, que queriam passar a vida viajando e vivendo outras grandes emoções, diferentes da maternidade. Não há nada de errado com estas mulheres.

Maternidade não é para todas. É para as que querem muito e ainda assim, nós mães que queríamos muito ser mães, somos pegas de surpresa pelas dificuldades diárias com situações que nunca imaginamos. Eu confesso que pensava que seria muito mais fácil. Um pensamento bem ingênuo para quem planejou o filho por 1 ano, mas era este o meu pensamento porque até então eu não havia pesquisado nada sobre criação e o que se identificaria com o meu perfil de mãe.

E aí o meu filho nasceu e eu larguei tudo. Saí da agência, tive que me reestruturar profissionalmente no home-office e me reconstruir completamente como mulher e profissional. Aprendi muito no caminho, mas foi dolorido e ainda é. Em nenhum momento deste caminho eu odiei meu filho ou a maternidade, na verdade eu sempre pensei: ok, caí de gaiato no navio, vamos lá, encarar o mar!

Chorei, senti saudade de não ter obrigações como antes, senti saudade de poder fazer coisas que com uma criança pequena não é o mesmo e ainda sinto. Isto é normal para a maioria. Sim, normal. Talvez não ter sido planejado, não querer de fato, não ter apoio do pai, são muitas questões que fazem uma mulher odiar uma situação. Pior são os patrulheiros da internet.

Juro que não tenho coragem de ir no perfil de ninguém, ainda que este esteja público para questionar seus sentimentos em relação a algo e acusar este alguém de sentir o que sente. Para mim o facebook de alguém é como sua casa e eu respeito a casa das pessoas. Ainda que seja uma casa de portas abertas (pública). O que nos leva ao fato do 8 e 80 de novo. Mães criaram o desafio da maternidade. Postavam fotos delas com seus filhos para falar o quanto estavam felizes em ser mães e uma outra postou o quanto odiava ser mãe.

Houveram julgamentos de todos os lados.

E o que digo é: Por que uma mãe não pode gostar de ser mãe só porque é difícil? E por que uma mãe não pode falar o quanto se arrepende e odeia ter feito isto com a sua vida? Entre o 8 e o 80 existem muitos outros números! Para mim estar saudável é se equilibrar em meio a tudo isto. Nem tudo na vida vai ser uma maravilha e nem tudo vai ser horrível se você tentar ver o lado bom das coisas, resolver questões para te fortalecer e pedir ajuda, tanto de amigos, parentes e até de profissionais.

Ser mãe não é para todas, não caia nessa.

E ser mãe mesmo querendo, não é fácil. Entre neste barco sabendo que virão tempestades e que você terá que enfrenta-las. Se você nunca teve contato com crianças como eu que cresci rodeada e cuidando delas, e ainda assim, deseja ser mãe ou acha que deseja ser mãe, tente ao menos ter contato com a realidade da maternidade bem de perto.

Assim, ainda que você seja pega de surpresa como a maioria (e vai ser pega), você se sentirá um pouco mais preparada e fortalecida. E diga não a caixa que tentam colocar todas as mulheres, se você não quiser nunca ser mãe, não ceda a pressão nenhuma, te garanto que você também será feliz.


Suelen Maistro
Mãe do Fe. Criadora dos portais Mãe Pop e Sue Maistro. Artista Visual, Diretora de Arte e Tattoo Artist. Pesquisa e estuda temas relacionados a amamentação, educação, criação, psicologia, ciência, arte e design. Mas não se engane, as vezes jogo conversa fora em artigos despretensiosos, pouco importantes e irônicos. Bem vinda a minha casa virtual