Sócrates, passeava por Atenas perguntando: o que é a virtude?
E por sua persistência em questionar sobre a virtude e muitas outras questões relativas a vida, ele foi executado. Isto porque ser questionador em um mundo onde há mais homens maus do que bons, pode ser um tanto quanto perigoso.
A necessidade de haver no mundo bons homens permanece e se mantêm através dos séculos. A necessidade dos questionadores também. No entanto, se quisermos que nosso mundo tenha mais pessoas boas, precisamos ser bem específicos sobre o que constitui ser bondoso.
Para Sócrates, esta questão era central. E podemos hoje, ser inteligentes e eficazes em tentar entender a natureza da bondade e o que, de fato, significa ser uma pessoa boa, ou, em outras palavras: virtuosa.
Mas então, o que é a virtude? Ou, como ser virtuoso?
Compaixão, responsabilidade, senso de dever, autodisciplina e contenção, honestidade, lealdade, amizade, coragem e persistência são exemplos de virtudes desejáveis para sustentar uma vida moral.
E a virtude requer uma orientação moral estando diretamente ligada ao que uma pessoa faz em cada situação que se mostra a sua frente. É uma busca constante pelo que é valioso, no sentido de valor como o melhor a se fazer em uma situação específica.
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Trata-se de uma orientação normativa e de assumirmos diariamente a postura de agentes morais sobre nossos atos. O que envolve, certamente, nosso auto monitoramento no que fazemos e falamos.
Uma pessoa virtuosa é moralmente orientada. Seu interesse pelas questões da vida está subordinado à sua preocupação em descobrir o melhor a se fazer em cada situação.
A virtude não nos exclui de experienciar a vida, mas coloca nossa experiência humana em perspectiva.
Seria bobagem passar pela vida sem avaliar e questionar as possibilidades e caminhos possíveis que respondem à uma questão existencial ou não. No entanto, não é uma bobagem, depois dessa reflexão, selecionar um único caminho.
Segundo Aristóteles, “não é tarefa fácil ser bom… portanto a bondade é rara, louvável e nobre”.
Mas ser virtuoso não é apenas isto.
Para Sócrates, virtude é conhecimento. O que envolve alcançar uma resposta responsável. É preciso saber o que se está fazendo. Lembrando que nada é infalível ou absoluto. Quando escolhemos um caminho, estamos também colocando em atos, nossa visão moral a respeito de cada situação.
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Em “Crítica da Razão Prática”, Kant diz que a pessoa virtuosa não precisa ser capaz de justificar seu insight em termos de teoria ética bem desenvolvida, ela precisa possuir o insight e a partir dele fazer uma escolha responsável ao agir em determinada situação.
No entanto, algumas pessoas não conseguirão dar respostas responsáveis a questões como “o que devo fazer?”. Pois, para muitos é impossível discernir o que é relevante. E isto pode estar associado a dificuldades em observar fatos, tirar inferências e até mesmo uma falha moral única.
E é por isso que ser um homem virtuoso é diferente de ser um teórico ético. O ponto de partida de ambos pode até ser o mesmo, no entanto, o homem virtuoso passa a responder as questões da vida em termos mais práticos.
O teórico ético irá explicitar o significado de termos, articular e criticar padrões e usar tudo isto como guia sobre o que fazer.
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A virtude envolve a vontade ou determinação de agir de acordo com o que se acredita estar certo.
Há pessoas que fazem perguntas certas, mas apresentam respostas erradas. Há pessoas que possuem respostas sólidas para problemas morais, mas não conseguem colocá-las em prática. E é por isso que a virtude requer ação.
Não é possível ser uma pessoa virtuosa apenas conhecendo as respostas morais adequadas, mas não as colocando em prática diariamente na vida.
A virtude é incompatível com ser espectador, não importa quão sutil e perspicaz este espectador seja.
Frente a algo positivo, a virtude é coragem para agir. Frente a algo negativo a virtude é capacidade para resistir. Frequentemente sabemos o que devemos fazer e, no entanto, fazemos outra coisa. Nossas vontades são fracas, ruins ou investidas no que não devemos.
Obviamente que uma pessoa virtuosa possui um caráter que a capacita a resistir ao que não deve. Esta segurança moral representa um grande triunfo virtuoso.
Todas as nossas atitudes, para serem virtuosas, precisam ser um compromisso diário.
E dedicadas à ação. A conduta da pessoa virtuosa é uma extensão de si mesmo e o transcende através de como ela age.
Em tudo que envolve as definições de virtude, ética e diversos outros termos morais de nossa existência, há linhas de pensamentos diversos que nos levam a refletir sobre o insight que pensadores tiveram através dos tempos.
No entanto, Sócrates acreditava que cultivar a virtude era um bom negócio para o homem. Portanto, nossa tarefa esta à mesa e ainda temos muito o que fazer.