A algum tempo eu venho pensando sobre o respeito e proteção à infância a cada dia que passa.
Penso no respeito sobre o corpo infantil e sobre sua proteção, vendo meu filho crescer todos os dias. Eu não sou dona do corpo do meu filho como também não posso moldar os seus gostos para aquilo que acho melhor para ele.
Se trata apenas de respeito.
Como mãe, obviamente que minha função é lhe mostrar o melhor caminho e enquanto ele é pequeno, tomar muitas decisões por ele. Decisões que ele não tem maturidade ainda para tomar e por muitos anos será assim.
Não vamos confundir educar o filho e lhe mostrar o que é melhor com ser permissiva e deixar que ele tome decisões que não esta preparado para tomar.
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A linha é tênue. Mas como adultos e pais, temos que saber quando e como cruzá-la ou não.
Quando eu comentei que não bato no meu filho, que prefiro o caminho da conversa, muitos não entenderam que também se tratava de respeito ao ser humano que meu filho é, respeito ao seu pequeno corpo e aos seus sentimentos.
Falei mais sobre palmadas aqui: Seu filho precisa apanhar? Então o problema é você.
Quando meu filho não quer abraçar ou beijar alguém, eu não o forço a isso. Ele é dono de si para saber se deseja ou não dar alguma demonstração de carinho e afeto a alguém.
E que fique claro: as pessoas precisam conquistar isto de nós e não nos sentirmos na obrigação de abraçar e beijar, qualquer um que seja.
“Deixa eu dar um beijinho no seu filho”?
Eu não peço beijos, antes de… ou senão… ou em troca de…
Beijos e abraços precisam ser demonstrações naturais e voluntárias, não importa a idade da pessoa.
Se ela é um adulto, muitos respeitam. Porque não respeitam isso em uma criança? O quão infantis somos querendo fazer trocas pelo afeto?
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Então aqui em minha casa, meu filho me beija e me abraça quando sente vontade de fazer isto e ok. Eu recebo muitos beijos e abraços, muitas demonstrações de carinho voluntárias dele.
Quando você força o seu filho a demonstrar afeto a pessoas que ele não conhece ou convive pouco, esta dizendo para ele que um estranho pode tocá-lo e tudo bem. Isto é muito perigoso.
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Quando você diz que ele precisa aceitar beijos, abraços e toques de outras pessoas as quais ele não se sente a vontade para isto, esta sinalizando para o seu filho que seu corpo não o pertence e ele não pode dizer “não” caso se sinta invadido em sua privacidade.
Certamente não é isto que nenhuma mãe quer para os seus filhos.
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Quando se trata principalmente de estranhos, não incentivo meu filho a nada. Ao contrário, sempre aviso para ele sobre quem pode tocar em determinadas áreas do seu corpo.
Ele sabe que no bumbum e no pênis, somente a mamãe e o papai podem ajudá-lo com a higiene. Ele sabe que ele não pode tocar no bumbum, pênis ou vagina de outras crianças ou adultos.
Ele com 3 anos de idade já tinha consciência que estas áreas do seu corpo e do corpo dos outros é privada. E eu repito isto a ele sempre.
Respeito, segurança e sem tabu
Conversar sobre estas coisas com seus filhos é a chave para que eles aprendam a se defender e não tenham medo de contar para você qualquer movimentação estranha e fora do comum em sua vida.
Deixar claro para o seu filho que existem partes em seu corpo que não devem ser tocadas por estranhos ou outros familiares é protegê-lo do assédio e abuso infantil tão recorrente em nossa sociedade e que infelizmente ainda hoje faz milhares de vítimas.
Então não obrigue seu filho a beijar, abraçar e demonstrar afeto para pessoas que ele sequer conhece ou para parentes e familiares que ele não se sente a vontade ou que sequer convive simplesmente para atender os caprichos dos adultos.
Ensine para ele que, decidir se vai dar um beijo ou um abraço em alguém é algo que somente ele pode fazer e que se ele não tiver vontade de fazer isto, ok.
Ensine aos seus filhos que podem contar com você para qualquer coisa, até para contar que algo ou alguém esta fazendo coisas que ele não gosta ou não se sente a vontade. Só assim conseguiremos estender nossos braços para protegê-los das maldades do mundo.
Se sentir seguro sobre determinada situação é mais do que um aviso diário que podemos dar aos nossos filhos.
Mostrar para eles que eles sabem exatamente onde esta sua zona de conforto em determinadas situações, também ensina a eles a ouvir seus próprios sinais para situações de risco onde ele não se sente a vontade.
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