Síndrome de abstinência neonatal: bebês que nascem dependentes químicos

3 min


Você já ouviu falar em síndrome de abstinência neonatal?

A síndrome de abstinência neonatal é quando o bebê de uma mãe que usou drogas durante a gestação nasce com sintomas de abstinência química e precisa de tratamento intensivo e uma reabilitação rigorosa. O problema é real e atinge muitos bebês assim que nascem.

Sintomas

Os sintomas dos bebês recém-nascidos dependentes químicos em drogas como opiáceos, metadona e heroína incluem tremor incontrolável, choro estridentes e manchas na pele.

Dados

Segundo alguns dados do Ministério da Saúde, o número -médio- do problema registrado foi de 76 casos ao ano, nos últimos cinco anos. Esta é uma média e considera apenas os casos registrados no laudo do bebê. Existem muitas situações em quê o bebê nasce e os sintomas não são identificados justamente por não se conhecer o histórico da mãe.

Além dos dados referirem apenas as mães que utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS), o que nos dá uma margem para entender que podem existir mais casos do que os devidamente registrados.

“Na Inglaterra, 1.087 bebês nascidos em 2014 e 2015 foram afetados pelo uso de drogas pelas mães. Na Escócia, foram 987 bebês entre 2012 e 2015, enquanto no País de Gales foram 75 casos, entre drogas e bebidas alcoólicas em 2015 e neste ano.

Quase todas as drogas passam da mãe para a corrente sanguínea do feto durante a gravidez. Estas crianças já nascem dependentes químicas e sofrendo os efeitos da abstinência, conhecido como síndrome de abstinência neonatal.” via BBC

Amamentação x drogas

Durante a amamentação o uso de drogas e álcool também é completamente desaconselhado e representa um risco alto, principalmente para o bebê. Veja aqui: Uso de álcool durante a amamentação e aqui: Amamentação e uso de substâncias

Uso da maconha durante a gestação e amamentação

Este tema gera uma série de dúvidas. Poucos estudos se debruçaram sobre o tema e existem poucas informações a respeito do uso de maconha durante a amamentação.

O que é preciso saber de imediato é que os órgãos de saúde e a Academia Americana de Pediatria não aconselham o uso pela preocupação da maconha afetar o desenvolvimento cerebral do bebê. Veja aqui: Como a maconha pode afetar a saúde

A maconha, assim como vários outros produtos químicos e até remédios passam para o leite materno e consequentemente para o bebê.

Segundo o estudo “Uso da maconha e amamentação”  de 2005, publicado na revista Canadian Family Physician, a exposição do bebê ao THC, no primeiro mês, esta associada a redução de habilidades motoras e de coordenação na idade de 1 ano. Também foram constatadas letargia, alimentação menos frequente e diminuição do tempo de amamentação. Não há estudos para os efeitos do uso a longo prazo.

Durante a gravidez, os estudos relacionaram o consumo da droga a um risco aumentado de baixo peso ao nascer ou de prematuridade. Alguns estudos sugeriram uma ligação entre o uso de maconha durante a gravidez e o aparecimento de problemas de aprendizagem na infância.

Um papo reto de mãe para mãe

Eu nunca usei nenhuma substância química, logo não faço a menor idéia do que faz com que as pessoas se sintam atraídas por elas. Sempre rejeitei qualquer coisa que colocasse minha consciência fora de controle, até álcool.

E falando em consciência fora de controle, estar assim não é nada seguro nem mesmo para os cuidados com o bebê. Se você tem a opção de escolher e não é uma dependente química, o melhor é se manter longe de qualquer droga, desde álcool, cigarro, maconha até as mais perigosas. Os efeitos sempre vem, a curto, médio ou longo prazo. Seja na sua saúde, na do seu filho ou em algum acidente causado pela falta de atenção provocada pelo uso de drogas.

Tratamento

Gestantes e mães usuárias de drogas são atendidas na Rede de Atenção Psicossocial. O Ministério da Saúde também cofinancia 2.340 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), especializados em tratamento na área de álcool e outras drogas, e 209 CAPS infanto-juvenis, além de cofinanciar também equipes de profissionais de saúde que atendem a população em situação de rua, inclusive para usuários de álcool, crack e outras drogas.

Manter mãe e bebê juntos quando é possível fazer um acompanhamento próximo com apoio familiar e reabilitação para a mãe, seria a melhor das opções. Onde a mãe teria a chance de seguir um plano de reabilitação com sessões de terapia diárias, encontros em grupo, exames médicos e checagens dos serviços sociais. No entanto, nem todos os centros de apoio tem um olhar voltado especificamente para a dupla mãe e bebê, há muito o que melhorar.

Se você é mãe ou esta gestante, e tem um problema com drogas, procure ajuda. Esta ajuda não é apenas para você, mas para o seu bebê também. Verifique em sua cidade quais são os programas disponíveis para reabilitação e superação do vício. Lembre-se que a dependência química é uma doença séria e precisa de tratamento.

Leia também:

 


Suelen Maistro
Mãe do Fe. Criadora dos portais Mãe Pop e Sue Maistro. Artista Visual, Diretora de Arte e Tattoo Artist. Pesquisa e estuda temas relacionados a amamentação, educação, criação, psicologia, ciência, arte e design. Mas não se engane, as vezes jogo conversa fora em artigos despretensiosos, pouco importantes e irônicos. Bem vinda a minha casa virtual