Não me chame de mãezinha! E quando o empoderamento vira preconceito de linguagem?

2 min


Você já soltou um: “Não me chame de mãezinha”?

Já saiu por aí falando para meio mundo que o termo te ofende? Já deu um grande chega pra lá em um médico com o “não me chame de mãezinha”? Ah, no médico não?

E para outra mãe? Já chamou a atenção de outra mãe por isto? Aposto que a maioria das pessoas mais chamam atenção de outras mães pelo termo do que quando médicos as chamam assim. Mães chamando atenção de outras mães por um termo que só se tornou pejorativo através de profissionais de saúde que infantilizam mães. Como assim?

Falando mais em alhos e menos de bugalhos, vamos ao que interessa.

O termo “mãezinha” se tornou odioso para muitas mães porque ele evidência o quanto mães são infantilizadas por médicos e pela sociedade. O termo se tornou pejorativo.

Se você me segue a muito tempo vê que eu gosto do termo “mãe”… Mesmo porque, meu estilo combina mais com “mãe” mesmo. Sem infantilizar, sem adocicar, sem nada. Sou prática, objetiva e coisa e tal.

Já vi mãe corrigindo outra por ela ter se dirigido a mães do grupo com um simples “Oi mãezinhas…”

E aí eu me dei conta do quanto algumas pessoas estão exagerando e confundindo as coisas.

Ser empoderada não tem nada a ver com se sentir acima de nenhuma outra mãe, nem melhor, nem pior. Não tem nada a ver com sair por aí distribuindo farpas para as outras e corrigindo a forma como elas falam com as pessoas.

E mais: existem incômodos que dizem mais sobre o incomodado do quem sobre quem teoricamente incomodou.

Veja, eu não me sinto “mãezinha” no sentido infantilizado que um médico me chamaria, mas consigo entender e digerir normalmente quando uma outra mãe me chama de “mãezinha” pedindo ajuda em um grupo. Percebe as diferenças? São nuances que poucos tem flexibilidade e auto-suficiência para notar.

Para mim, corrigir a forma como uma mãe fala, escreve, se comunica…não passa de preconceito linguístico e não de empoderamento.

Como comunicadora eu dou mais valor ao se fazer entender, a receber a mensagem do que “se ela foi escrita nos termos e grafia corretas”.

Em um grupo existem mães de diversos mundos diferentes. De repente aquela que fala mãezinha, foi chamada assim desde sempre. De repente é só carinho, viu? Baixa a guarda aí.

De repente, ela sequer ouviu falar na vida nesta palavrinha difícil que é empoderamento. De repente ela sofreu violência obstétrica sendo chamada de mãezinha e nem sabe.

De repente, corrigir uma outra mãe num termo, sem prestar atenção na mensagem e sem olhar para quem é aquela pessoa, não tem nada a ver com empoderar, é só preconceito mesmo. É só uma vontade oculta de diminuir a outra corrigindo algo que se JULGA errado na forma como ela expressa.

Que me chamem de mãe, mãezoca, mãezinha, mamãe. Eu não ligo. Sou segura o suficiente para não me incomodar com um termo e mais ainda para não sair distribuindo amargor para outras mães.

Sabe do que eu não abro mão nessa vida? De ser quem eu sou. De ser livre para ter e dar minhas opiniões como faço aqui, sobre qualquer assunto. O resto amigas maternas, é só resto mesmo.

Por menos preconceito linguístico, por menos regras de como as pessoas devem ou não falar para serem “empoderadas”. Por menos pessoas tóxicas que saem de buracos profundos como monstros a espreita e por mais pessoas cheias de luz e vontade de fazer algo realmente útil pelas mães. 😉

Leia também:

 


Suelen Maistro
Mãe do Fe. Criadora dos portais Mãe Pop e Sue Maistro. Artista Visual, Diretora de Arte e Tattoo Artist. Pesquisa e estuda temas relacionados a amamentação, educação, criação, psicologia, ciência, arte e design. Mas não se engane, as vezes jogo conversa fora em artigos despretensiosos, pouco importantes e irônicos. Bem vinda a minha casa virtual